Faz muito tempo

Faz muito tempo que n�o vejo os membros do Congresso Nacional trabalharem, legislarem e fiscalizarem o Executivo, como, ali�s, deveriam fazer sempre. Nos �ltimos quatro anos apenas vi e ouvi acusa��es, aberturas de CPIs in�cuas, mais acusa��es, algumas corretas outras insanas. E o pior de tudo � que vi culpados serem inocentados, aqueles que pertencem ao partido do poder sa�rem livre a custa de favores e os que pertencem aos partidos de oposi��o idem. Tudo � negociado, tudo � � base da troca de favores nem sempre desej�veis. O povo, bem o povo � apenas um mero detalhe para a nossa classe pol�tica.

Faz muito tempo que n�o vejo o Poder Executivo trabalhar, executar, planejar, se antecipar aos fatos e gerar desenvolvimento sustentado. Promover a gera��o de empregos e a esperan�a para milh�es de brasileiros, cerca de 43 milh�es destes na mais absoluta pobreza e mis�ria. Desde que a ditadura militar acabou, vivemos de planos econ�micos, projetos esdr�xulos, marketing, propagandas inexeq��veis e muita, mas muita corrup��o em todos os escal�es do executivo brasileiro. E o que mais entristece, tanto quanto o Poder Legislativo, o Executivo tamb�m tem se esfor�ado e muito para estar nas principais p�ginas policiais de nossos jornais. Dia ap�s dia, esc�ndalos se proliferam dentro de nosso territ�rio, e nos d�o � impress�o quase infal�vel de que poucos s�o inocentes nesse emaranhado de den�ncias e acusa��es cotidianas.

Faz muito tempo que n�o vejo o Poder Judici�rio fazer um esfor�o para se modernizar, se adequar corretamente �s mudan�as que o mundo vem sofrendo numa rapidez supers�nica. Nossos c�digos penais precisam ser atualizados e estar em conson�ncia com as mudan�as tecnol�gicas que invadiram o mundo nas �ltimas d�cadas. � imperioso que muitas leis sejam revistas, algumas centenas sejam declaradas sem aplicabilidade e milhares sejam substitu�das desde que formuladas por juristas e n�o por deputados que a rigor legislam em causa pr�pria ou de seus patrocinadores de campanha.

A impunidade � o mal maior de uma na��o cujos tr�s poderes est�o engessados em suas pr�prias defici�ncias e fraquezas, cada qual em um est�gio de letargia que revolta a popula��o, transfere �s camadas mais abaixo dos castelos do poder uma sensa��o leg�tima de impunidade absoluta dentro do territ�rio nacional.

Faz muito tempo que n�o vejo uma campanha eleitoral decente, com participa��es leg�timas de concorrentes aos mais diversos cargos p�blicos, com a apresenta��o de propostas concretas e fact�veis de melhorias em todos os segmentos administrados pelo poder p�blico.

Ao inv�s disso, assistimos o avan�o da era do marketing, da cirurgia pl�stica das inten��es dos postulantes a cargos eletivos, onde monstros s�o transformados em anjos, suspeitos ganham imunidade �ad eterna� e os candidatos fracos e sem compromisso com a sociedade proliferam em quantidade maior a cada nova elei��o.

Faz muito tempo que n�o assisto uma programa��o jornal�stica totalmente isenta que n�o fa�a do suspeito um r�u e nem inocente os verdadeiros culpados. Uma televis�o que n�o esconda embaixo de sua programa��o a sujeira que os telespectadores precisam conhecer. Uma televis�o que n�o mostre insistentemente apenas os problemas de um candidato ou partido e sim coloquem em pauta todos os problemas e virtudes de todos os concorrentes.

Faz muito tempo que espero por uma atua��o firme, honesta e justa dos tr�s poderes constitu�dos de meu pa�s, por uma atua��o honesta, firme e n�o tendenciosa dos meios de comunica��es brasileiros e por que n�o dizer, faz s�culos que o pa�s espera ter um governante que incentive a cultura, prestigie a agricultura, invista na ind�stria e com�rcio, mas sobre tudo tenha um compromisso inabal�vel de desenvolvimento perene para com a educa��o do povo brasileiro hoje e sempre. Para que as futuras gera��es apenas tomem conhecimento desse lixo que presenciamos atrav�s dos livros de hist�ria. Que saibam que educa��o n�o � nem nunca foi gasto e sim investimento em sonhos, esperan�a e prosperidade acima de quaisquer dogmas ou preceitos.


Rafael Moia Filho