Estabelecer limites � fundamental

Embora as pesquisas da Associa��o Brasileira dos Supermercados (Abras) tenham detectado aumento no poder de persuas�o dos filhos pequenos, � importante que os pais n�o percam o controle da situa��o.

Para a psic�loga Marcela Vendramini Morato Velosa, professora da disciplina de psicologia do consumidor na Universidade Paulista (Unip) de Bauru, para o bem da pr�pria crian�a � indispens�vel estabelecer limites. Segundo ela, esse tem sido um dos grandes problemas dentro das fam�lias.

Ela sustenta que, novamente, por causa da aus�ncia dos pais provocada pelo trabalho fora de casa, a imposi��o de limites para as vontades dos filhos fica em segundo plano, em raz�o da tentativa de agradar e mostrar o quanto amam seus filhos.

�� importante impor regras porque assim a crian�a vai aprendendo que n�o vai ter tudo o que ela quer sempre. Vai chegar uma hora que n�o vai depender mais dos pais ter ou n�o seu desejo atendido�, justifica Marcela.

Ela recomenda aos pais agirem com tranq�ilidade mesmo quando os filhos fizerem birra para chamar a aten��o. ��s vezes, as crian�as batem o p� e como os pais n�o querem ouvir choro ou passar vergonha, eles acabam cedendo�, comenta.

Segundo ela, para conseguir se impor, alguns pais gritam com os filhos, tornando o clima ainda mais tenso. �� f�cil perceber que quando os pais est�o tranq�ilos no papel que eles t�m de educador, a crian�a acaba respeitando mais.�

A esteticista �rica do Prado, 25 anos, sempre leva o filho Murilo, de 1 ano e 10 meses, quando vai ao supermercado. Segundo ela, de vez em quando ele d� um �showzinho� por causa de algum produto, mas nada que n�o d� para resolver com uma boa conversa.

�Quando ele pede coisas de comer eu sempre levo, mas quando � brinquedo eu evito comprar porque sei que depois ele n�o vai sentir falta�, diz a m�e, que aumentou a freq��ncia ao supermercado ap�s o nascimento do filho. Antes, ela fazia as compras a cada 15 dias. De acordo com a pesquisa da LatinPanel, as fam�lias com crian�as at� 5 anos v�o 11% mais aos supermercados, em compara��o com a freq��ncia m�dia do restante da popula��o.

Quem tamb�m consegue negociar com o filho na base do di�logo � a banc�ria �rica Faria de Lima, 29 anos. Ela conta que sempre antes de sair de casa conversa com o pequeno Pedro, 3 anos, e j� define o que ser� comprado. Mas nem sempre ele ganha alguma coisa. Mesmo assim, aceita �numa boa� o que foi acordado com os pais.

�J� aconteceu de eu combinar com ele que n�o iria comprar nada, mas minha cunhada comprou. A�, ele mesmo lembrou que tinha ficado definido que n�o iria ganhar nenhum brinquedo�, recorda a m�e. De acordo com o pai, o banc�rio Emerson Lima, 34 anos, o menino n�o d� nenhum trabalho. �D� para sair tranq�ilo�, diz.

A dentista Ana Vera Pessoa, 35 anos, tamb�m n�o encontra dificuldades para negociar com a filha, Ana Beatriz, 3 anos. De acordo com ela, a filha n�o � de fazer birra quando n�o � atendida. �Eu converso com ela, falo para deixar para outro dia e ela entende�, relata.

O setor de doces � o preferido da filha. Embora ainda pequena, Ana Beatriz sabe muito bem o tipo de chocolate que mais lhe agrada. Sempre que passa por perto, ela pula do carrinho e pega um. Ana Vera tamb�m aumentou as visitas ao supermercado. Antes do nascimento da filha era apenas uma vez por semana. Agora, s�o tr�s vezes.

Segundo Edvaldo Morilha, 45 anos, gerente de uma loja de brinquedos no Bauru Shopping, a maior parte das crian�as j� chega sabendo o que vai levar. �� muito dif�cil ver as crian�as fazendo birra. Geralmente, elas j� v�m determinadas a levar um brinquedo espec�fico�, relata.

Entre o p�blico feminino, os produtos que mais vendem est�o relacionados aos �Rebeldes�, misto de cantores e atores que atuam em novela transmitida diariamente pelo SBT. Entre os meninos, a febre s�o os carrinhos �Hot Wheels� e os super-her�is do momento. Na opini�o do gerente, essas prefer�ncias evidenciam o poder que a m�dia exerce sobre o p�blico infantil. S�o produtos que aparecem a todo momento na TV, um dos principais meios de distra��o das crian�as.


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Fidelidade

Carrinhos de compra especialmente feitos para as crian�as, piscina de bolinhas, salas com brinquedos, v�deos infantis e at� bab�s. Na luta para conquistar um p�blico t�o promissor, todo conforto � v�lido. Se a crian�a se sentir bem com essas op��es, com certeza os pais voltar�o.

Um exemplo � a esteticista �rica do Prado, 25 anos. Sempre que precisa fazer compras, ela vai ao mesmo supermercado porque o filho Murilo, de 1 ano e 10 meses, �adora andar no carrinho� que tem o formato de um autom�vel. Segundo a pesquisa da LatinPanel, 43% dos pais preferem locais que ofere�am servi�os de frald�rio e 72% querem espa�os infantis.

De acordo com o professor e economista Said Yusuf, a forma de tratar as crian�as com um espa�o exclusivo para elas faz com que os filhos pe�am para voltar naquele local. �Isso � importante, significa a fideliza��o do cliente�, diz Yusuf, que � diretor do Instituto de Ensino Superior de Bauru (Iesb) e formado em economia e administra��o de empresas, entre outros cursos.

Mas ele faz um alerta: �O conforto tem de ser oferecido com �tica e responsabilidade. Sem induzir o cliente a uma compra for�ada, sen�o a empresa acaba perdendo esse cliente�, diz Yusuf.

Na opini�o da professora M�rcia Mendes Pulcineli, do curso de gest�o de marketing da Faculdade F�nix, as crian�as est�o amadurecendo mais r�pido. Conseq�entemente, elas criam um poder de percep��o cada vez mais apurado. Ou seja, a tend�ncia � que os filhos pequenos tenham cada vez mais influ�ncia sobre o consumo da fam�lia.