Rio - A economia brasileira registrou uma expans�o de 0,5% no segundo trimestre em rela��o aos tr�s primeiros meses deste ano, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). O resultado fraco foi puxado pela ind�stria. No ano primeiro trimestre, o PIB teve avan�o de 1,4%. Trata-se do pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2005, quando houve recuo de 1,2%.
Segundo analistas ouvidos pela reportagem, o crescimento fraco divulgado ontem p�e em risco a meta mais modesta j� divulgada por integrantes do governo Lula para a expans�o econ�mica deste ano, de 4%.
Na m�dia, analistas de mercado esperam um crescimento de apenas 3,5% neste ano, segundo o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central a partir de consultas a mais de cem analistas de mercado. A reportagem ouviu expectativas que variam entre 3,3% e 3,8%.
Quando ainda era ministro da Fazenda, Ant�nio Palocci prometia para este ano um crescimento semelhante ao de 2004 (4,9%). O ministro Guido Mantega assumiu o minist�rio com a promessa de crescimento de 4,5%. Depois passou a falar em algo entre 4% e 4,5%, assim como seu colega Paulo Bernardo (Planejamento). J� a meta do Banco Central � de 4%.
Diversos representantes do governo atribu�ram a queda na atividade industrial e no com�rcio a fatores pontuais no segundo trimestre ao n�mero menor de dias �teis e a paralisa��es em raz�o de jogos da Copa do Mundo e de greves.
Analistas afirmaram, entretanto, que apesar da continuidade do ciclo de queda da taxa b�sica de juros (Selic), que ontem caiu para 14,25%, a menor em dez anos, a economia brasileira ainda carece de mudan�as estruturais, como aumento de investimentos e implementa��o de reformas tribut�ria e pol�tica.
Segundo o IBGE, a forma��o bruta de capital fixo, que representa os investimentos produtivos do pa�s, caiu 2,2% sobre os tr�s primeiros meses. Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimento, a taxa de investimentos aqu�m da necess�ria ainda � o principal fator a inibir um crescimento econ�mico mais vigoroso no Pa�s. �Faltam motivos mais enf�ticos para que o empresariado retome os investimentos. Falta um est�mulo adicional do ponto de vista estrutural para que as empresas se comprometam a investimentos de mais longo prazo.�
Estev�o Kopschitz, economista do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), considera �imposs�vel� chegar a um crescimento de 4% no ano e prefere falar em �erro de avalia��o� ao comentar a estimativa do governo. �Isso talvez diminua o senso de urg�ncia da continuidade das reformas para pensar que o Brasil precisa crescer mais, em vez de s� esperar que os juros caiam�, disse.
Al�m disso, Elson Teles, economista-chefe da Conc�rdia Corretora de Valores, lembra do efeito da aprecia��o cambial sobre as empresas exportadoras. �H� que se reconhecer o papel desempenhado pela forte aprecia��o cambial no primeiro semestre (15% sobre o mesmo per�odo do ano passado), tendo em vista que tal situa��o tem influenciado negativamente o faturamento das firmas exportadoras, provocado maior substitui��o de produ��o dom�stica por produtos importados e diminu�do a capacidade de investimento dessas empresas.�
O PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Em 2006, a expans�o acumulada � de 2,2% e, nos �ltimos 12 meses, de 1,7%. A ind�stria teve o pior desempenho entre os setores que comp�em o PIB, com queda de 0,3% no per�odo abril-junho em rela��o ao primeiro trimestre.
A agropecu�ria subiu 0,8% e colheu o melhor resultado. J� os servi�os tiveram avan�o de 0,6. J� o consumo do governo apresentou crescimento de 0,8% no segundo trimestre e o consumo das fam�lias, de 1,2%.
Para o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), o importante � olhar para o longo prazo. Segundo ele, o Pa�s chegou em um ponto em que � poss�vel crescer de forma sustent�vel, mas para isso ser� preciso vencer alguns desafios, como retomar as reformas e encontrar uma defini��o para a Desvincula��o das Receitas da Uni�o (DRU) e a Contribui��o Provis�ria sobre Movimenta��o Financeira (CPMF), que deixam de vigorar no final do ano que vem. Sobre a pol�tica de juros, ele acredita que o Banco Central n�o errou ao manter a taxa b�sica de juros t�o elevada por tanto tempo. |