A leitura das primeiras palavras vem acompanhada pela emo��o e, n�o raro, l�grimas de alegrias brotam nesse momento m�gico e libertador, pois a partir da� surge diante dos olhos do leitor um infind�vel e maravilhoso mundo novo a percorrer e a descobrir. Fausto Wolff, escritor brasileiro, relata que quando descobriu que sabia ler, aos cinco anos, �foi o dia mais feliz da sua vida�. Entretanto, o gosto pela leitura n�o surge ao acaso. � um h�bito que precisa ser cultivado ao longo da vida estudantil para que possa enraizar-se de maneira profunda e duradoura no �mago do leitor, ampliando seus horizontes, facultando-lhe o uso pleno da capacidade de racioc�nio e discernimento, possibilitando-lhe agir com autonomia e esp�rito cr�tico.
Infelizmente, segundo o �ltimo levantamento do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), do Instituto Paulo Montenegro, apenas 26% da popula��o brasileira de 15 a 64 anos � plenamente alfabetizada, o que significa que tr�s quartos da nossa popula��o n�o conseguem ler e compreender um texto, o que os coloca numa situa��o vexat�ria e entristecedora, gerando um abismo imensur�vel entre eles e os demais. O teste de Pisa, da OCDE, em sua �ltima edi��o, tamb�m n�o nos trouxe qualquer alento: jovens de 15 anos de 40 pa�ses foram testados e nos classificamos em 37� em leitura, 39� em ci�ncias e em �ltimo lugar na matem�tica.
Em vista de tais resultados, somente podemos concluir que temos muito trabalho a fazer e que n�o h� tempo a perder. � mister uma congrega��o de esfor�os visando a mudan�a desse quadro vergonhoso e devastador. Apropriando-nos das s�bias palavras do romancista ingl�s Aldous Husley (1894-1963), segundo o qual "�todo homem que sabe ler tem o poder de se ampliar, de multiplicar as formas de sua exist�ncia e de fazer sua vida repleta , significante e interessante�, indagamos a quem interessa manter a popula��o alijada do processo enriquecedor, que areja e enobrece o leitor?
Afinal, por meio das p�ginas de um livro podemos percorrer lugares long�nquos e imagin�rios; conhecer outros povos e toda sua riqueza cultural; ser her�is, pr�ncipes e princesas; aprender sobre a vida por meio de relatos verdadeiros; ser beneficiados ao obter conhecimento sobre personagens hist�ricos tais como Churchill, Martin Luther King, Gandhi, Jesus Cristo e outros; enfim, as letras grafadas em um simples peda�os de papel, garantem-nos sabedoria e emo��es que perduram por toda uma vida. O h�bito salutar da leitura influi positivamente no aproveitamento escolar, pois facilita no entendimento de diversos tipos de texto, e conseq�entemente na resolu��o de situa��es-problema, al�m de enriquecer o vocabul�rio bem como a arte da escrita. No momento de conquistar um emprego, a bagagem cultural que adquirimos por meio da leitura pode ser fator decisivo, haja vista a import�ncia da comunica��o verbal e escrita em qualquer atividade que venhamos a desenvolver. M�es que l�em bem t�m melhores oportunidades de escolher alimentos nutritivos, cuidar da higiene e da preven��o da sa�de dos membros da sua fam�lia bem como apoiar e incentivar seus filhos no h�bito salutar da leitura e atuar de maneira significativa no aprendizado do aluno em parceria com a escola. Infelizmente, a televis�o e nos �ltimos anos, a internet t�m sido apontadas como as vil�s no sentido de roubar tempo precioso da leitura, pois essas em excesso, podem prejudicar a habilidade de racioc�nio com clareza e a pr�pria capacidade de comunica��o.
No entanto, pais, professores e educadores em geral podem despertar e alimentar em seus filhos e alunos o desejo de percorrer as p�ginas dos livros. Como? Narrem f�bulas, contos, hist�rias. Mencionem qual livro est� lendo, exercendo um forte est�mulo subjetivo nos estudantes: mostre-o, indique-o abundantemente. Livros podem ser recomendados (diferentemente de rem�dios). Demonstrem na express�o facial, nos gestos, no tom da voz que vale a pena conhecer aquele enredo: seja um entusiasta. Fa�am com que seus ouvintes vivenciem a hist�ria.
Falem do tempo (clima), da �poca, dos costumes, mencionem o sabor. D�em vida aos personagens. Criem expectativa: dramatizem parte da hist�ria e estimulem para que a leiam na �ntegra. Fa�am do livro seu companheiro fiel: mostrem pelo exemplo que ler � uma fonte de informa��o e de prazer. N�o h� d�vidas que essas estat�sticas sombrias precisam ser rapidamente mudadas. Portanto, pais, professores, iniciemos uma a��o imediata: cultivemos em nossos jovens o prazer pela leitura, pois ler � um direito de todos e um vigoroso instrumento de luta contra a ignor�ncia e a insensatez.
O autor, Cl�vis Roberto Benedetti Louren�o, � administrador e especialista em educa��o do Col�gio F�nix de Bauru |
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