Mesmo sem um levantamento estat�stico, a m�dica ginecol�gica Cristiane Castilho diz que a reincid�ncia da gravidez em jovens e adolescentes h� anos se mant�m nos mesmos n�veis. Cerca de 22% das gr�vidas atendidas na rede municipal de sa�de em Bauru t�m menos de 20 anos.
Respons�vel pela coordena��o de ginecologia e obstetr�cia da Secretaria Municipal de Sa�de, Cristiane reconhece que o Programa de Sa�de da Mulher tem falhado ao n�o medir essa reincid�ncia. Mas ela garante que n�o tem sido notada nenhuma varia��o significativa para mais ou para menos.
De acordo com informa��es da secretaria, de janeiro a mar�o deste ano, 1.193 gestantes passaram pelas unidades b�sicas de sa�de. Desse total, 273 (22,8%) t�m entre 10 e 20 anos. Ainda segundo a secretaria, em 2005, a propor��o de partos e abortamentos em mulheres nessa faixa et�ria foi de 22,10%. O �ndice ficou abaixo da m�dia da Dire��o Regional de Sa�de (DIR-10), composta por 38 munic�pios, que foi de 24,82%.
�N�o temos nenhum programa voltado especificamente para a gestante adolescente. Mas sempre temos nos preocupado em evitar a reincid�ncia que tem sido t�o freq�ente�, diz Cristiane.
Segundo ela, mesmo na adolesc�ncia, o corpo da mulher j� est� preparado para uma gravidez. O problema maior est� na parte emocional. �A maioria n�o est� preparada emocionalmente para a mudan�a toda que vai acontecer na vida dela�, diz a m�dica.
De acordo com o ginecologista Salvador Cabello Filho, a reincid�ncia da gravidez em garotas entre 15 e 19 anos fica em torno de 20% a 30%. O dado tem como base as pacientes que ele atende na Unidade B�sica de Sa�de do Parque Santa Edwirges, que inclui ainda os moradores do Jaragu�.
Al�m dos pacientes da rede p�blica de sa�de, ele atende tamb�m em seu consult�rio particular. O contato com p�blicos t�o distintos leva-o a uma conclus�o: �Na periferia, a reincid�ncia � maior.� Na opini�o dele, as jovens de classe m�dia ou alta encaram a primeira gravidez como um aviso e dificilmente repetem a dose.
Entretanto, os motivos que levam as jovens a engravidar geralmente s�o os mesmos, independente de classe social. Segundo o ginecologista, falta orienta��o a essas meninas. �Antes de ser um problema m�dico, (a gravidez precoce) � um problema social�, aponta.
Segundo ele, � raro ocorrer uma gravidez n�o-programada em garotas que tenham bom relacionamento familiar. �Onde h� di�logo, h� uma boa orienta��o. � uma coisa l�gica.�
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Exame de DNA
�Pensei que eu sabia muita coisa, mas na verdade eu n�o sabia nada.� Dessa forma, Daiana Rosa, 19 anos, resume o que foi sua vida sexual at� agora. Ela revela que ficou gr�vida um m�s depois de sua primeira rela��o. Na �poca, tinha 14 anos.
O pai da crian�a disse que n�o iria assumir a paternidade sem antes fazer um exame de DNA. �Mas o menino parece tanto com ele (pai) que n�o teve como negar que era filho dele�, comenta Daiana.
Aluna da escola Francisco Alves Brizola, no N�cleo Ernesto Geisel, Daiana parou de estudar depois de ter sido empurrada por uma outra menina escada abaixo. Para n�o perder o beb� teve de ficar tr�s meses de repouso absoluto. �Gra�as a Deus, meu filho nasceu saud�vel.� Hoje, Anderson tem 4 anos.
Al�m de interromper os estudos, Daiana perdeu o emprego quando a patroa ficou sabendo que ela estava gr�vida.
N�o demorou tr�s meses do nascimento do primeiro filho, Daiana engravidou do segundo. A not�cia gerou novo desentendimento entre ela e o namorado. Atualmente, eles est�o separados e os filhos est�o com o pai.
Sem emprego e morando com o irm�o, Daiana sonha com a estabilidade financeira para ter os filhos de volta. |