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05/08/06 00:00 - Ag�ncias - Brasil

Marina Lima busca a �ess�ncia das coisas�

Recuperada da depress�o, cantora e compositora lan�a �L� Nos Prim�rdios�, primeiro CD de in�ditas em 5 anos

Luiz Fernando Vianna/Folhapress
Cinco anos depois de �Setembro�, Marina Lima, 50 anos, volta a lan�ar um CD de in�ditas. S�o cinco m�sicas novas em um conjunto de apenas dez faixas - al�m de dois remixes. A quantidade contribui para a classifica��o que a cantora e compositora d� a �L� nos Prim�rdios�: �enxuto, quase cru�. �O disco n�o tem ret�rica. Tem conten��o o tempo inteiro. � propositadamente quase vazio de elementos, para tocar naquelas partes vazias da alma�, diz ela.

A afirma��o provoca uma reflex�o sobre o que seja �tocar na alma�. Todas as faixas t�m a presen�a de sintetizadores e efeitos criados por m�quinas, o que, ao menos na m�sica brasileira, normalmente se associa mais � frieza do que emo��o. Praticante h� muito tempo da eletr�nica, Marina naturalmente discorda e lembra que �m�sica � matem�tica�. �A melhor m�sica � a cerebral. Mas n�o estou isentando a emo��o dela. Os grandes matem�ticos, quando criaram suas equa��es, devem ter tomado um porre durante uma semana. A m�sica � calculada, com raz�o e emo��o juntas. N�o acredito em espontaneidade na arte. N�o me interesso por isso. � conversa para boi dormir.�

As novas can��es deram muito trabalho. Marina as lan�ou em �Prim�rdios�, espet�culo multim�dia que fez no ano passado, em S�o Paulo, com dire��o de Monique Gardenberg. Depois comp�s mais duas, mas preferiu deixar de fora do CD para n�o prejudicar sua coes�o. �Com o tempo, as coisas se aprofundam e caminham mais lentamente. Eu demoro mais tempo para fazer uma m�sica porque exijo mais de mim. Quero que as conclus�es valham por mais tempo�, explica ela, confort�vel com o meio s�culo de vida. �Eu me sinto uma mulher que tem o que dizer.�

E procura dizer sem bandeiras expl�citas, mas tentando tocar em pontos que considera primordiais, como indica o t�tulo do CD. �N�o � um disco sobre amenidades. Fala da ess�ncia das coisas. De valor, vida, morte, grana, Brasil�, lista.

Em �Anna Bella�, homenagem obl�qua � artista pl�stica Anna Bella Geiger, Marina e seu irm�o Antonio Cicero sonham com um �salto vital sobre a cidade, a burrice e o mal�. Para ela, no Brasil de hoje, burrice e mal se juntam �quando se usa a religi�o para conseguir voto pol�tico e fazer do povo gado�. �Pessoas usam a religi�o para criar regras que ningu�m sabe de onde sa�ram. Interpretam e manipulam como querem�, diz ela, criticando a proibi��o do aborto.

�Se eu precisar fazer um aborto, porque esteja sem dinheiro para criar um filho ou porque ele n�o veio da maneira que eu queria, quero ter o direito de fazer o aborto e viver a dor e a ang�stia disso. N�o tenho que dar satisfa��o, n�o me sinto uma assassina.�

Os pensamentos de Marina est�o nas m�sicas antigas que ela escolheu para o show e regravou no disco. �$ Cara�, de 89, ano da elei��o de Fernando Collor, fala que �jamais foi t�o escuro/ No pa�s do futuro/ E da televis�o�. �Meus Irm�os� lembra que �os homens podem muito pouco� e que seus irm�os �nunca parecem felizes/ Fechados em desilus�o�.

Tendo superado a depress�o que a abateu nos anos 90, Marina se diz confiante com a nova fase, mesmo que n�o renda os sucessos do passado. �O meu caminho quem faz sou eu. Se vou ser mais popular ou menos, � outra quest�o. Muitas pessoas podem n�o gostar, mas vou batalhar pelo lugar que me interessa ocupar.�




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