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31/07/06 00:00 - Opini�o

O pai dos sanguessugas

O Partido dos Trabalhadores foi constru�do por um grupo de pessoas que se
dizia contr�ria � exist�ncia do Estado burgu�s. Nos her�icos tempos do proselitismo oposicionista, os petistas argumentavam que o Estado � um instrumento - da elite burguesa - utilizado para gerenciar o dom�nio sobre os demais grupos sociais. A conseq��ncia l�gica deste racioc�nio � estigmatizar os partidos pol�ticos �burgueses� como m�fias incapazes de pautar suas atividades fora da busca pelo lucro econ�mico f�cil e espoliativo. Nas elei��es presidenciais de 2002, o eleitor brasileiro considerou que era tempo de se ter um presidente com maior sensibilidade para as quest�es sociais. Votou em Lula da Silva, por considerar que o ex-sindicalista era uma pessoa preocupada em melhorar a vida dos brasileiros humildes. O PT tirou dos resultados eleitorais uma conclus�o equivocada: achou que o eleitorado tinha se pronunciado contra o Estado burgu�s.

A montagem de governo, baseada na premissa equivocada, organizou-se em torno das lideran�as burocr�ticas petistas, recheada por pol�ticos aliados derrotados nas elei��es governamentais e legislativas, ocorridas ao mesmo tempo em que se escolhia o novo presidente da Rep�blica. Desconsiderou-se a conjuntura pol�tica, pois 80% da popula��o estava sob administra��o de governadores oposicionistas e o Congresso apresentava uma composi��o partid�ria em que os partidos tradicionais tinham 70% das cadeiras de deputados e quase 80% das cadeiras do Senado. A incapacidade petista de construir alian�as pol�ticas com os partidos tradicionais foi mascarada por meio da compra dos votos congressuais necess�rios para a aprova��o dos projetos e or�amentos do executivo federal. Assim surgiram os �mensal�es� e as emendas or�ament�rias maculadas pelo desvio de recursos para interesses pessoais. N�o h� como escapar � constata��o de que o governo Lula da Silva � o pai das m�fias de sanguessugas. Talvez Lula da Silva, no momento em que foi eleito, tivesse a inten��o de ajudar as classes populares a melhorar de vida. Talvez. Mas o presidente da Rep�blica n�o tem preparo para transformar inten��o em projetos e est� cercado de intelectuais e pol�ticos que n�o t�m o menor interesse em diversificar a economia interna, nem de elevar os n�veis t�cnicos e culturais da popula��o. A cleptarquia petista sabe que a imensa mis�ria popular � lucrativa do ponto de vista dos interesses da burocracia administrativa, e que pol�ticas assistencialistas s�o justificadoras para o saque realizado contra as classes m�dias e os empres�rios industriais e rurais. O capital gerado pelo trabalho de nosso operoso povo, uma vez deduzida a parte do le�o que se dirige aos banqueiros e a alguns bar�es da m�dia, n�o gera, no Brasil, um processo an�logo ao ocorrido na Europa, para lan�ar as bases do desenvolvimento industrial, mas se desvia para a constru��o de palacetes, � compra de avi�es, j�ias, roupas e autom�veis de luxo, � manuten��o de numerosos servi�ais e ao desperd�cio em festas, prost�bulos e restaurantes. Tudo usufru�do por um governante inepto, por uma camarilha burocr�tica de mentalidade pirata e por uma centena de deputados venais. Uma fauna de hosp�cio, que precisa ser escorra�ada nas pr�ximas elei��es.


O autor, Ney Vilela, � coordenador regional do Instituto Teot�nio Vilela




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