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16/07/06 00:00 - Bairros

Ferrovia trouxe desenvolvimento � cidade

Empresas como a Noroeste, Paulista e Sorocabana, inauguradas no come�o do s�culo 20, impulsionaram a migra��o e fomentaram o com�rcio

Rodrigo Ferrari
� poss�vel contar a hist�ria de Bauru sem falar das ferrovias? Para responder a quest�o, � preciso saber como a cidade era antes dos trens. �Aqui n�o passava de um ajuntamento de cabanas, que s� conseguiu desenvolver-se gra�as �s ferrovias�, explica o arquiteto Nilson Ghirardelo, diretor do Centro de Mem�ria Regional da Universidade Estadual Paulista (Unesp), tendo em m�os uma foto de 1904, considerada a mais antiga da cidade.

Na imagem, duas d�zias de casas de pau-a-pique com cercas de bambu, cena que nem de longe lembra o concreto e o asfalto dos dias atuais. A vinda da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1905, ligada � economia do caf�, deu o primeiro impulso ao crescimento da cidade.

A arrancada, por�m, veio com a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), que teve seus primeiros 100 quil�metros inaugurados em 1906. �Diferente da Sorocabana, feita para escoar a produ��o cafeeira do Estado de S�o Paulo, a NOB tinha um car�ter mais estrat�gico�, salienta Guirardelo, cuja tese de doutorado aborda a influ�ncia da ferrovia no crescimento das cidades.

A inten��o do governo federal, na �poca, era criar uma elo com o Mato Grosso, regi�o pouco explorada do Pa�s. �Havia, inclusive, uma id�ia (que nunca se concretizou) de estender a ferrovia pela Bol�via, o que criaria uma liga��o entre os oceanos Atl�ntico de Pac�fico�, conta.

O fator decisivo para escolha de Bauru foi sua localiza��o. �O membros do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro decidiram que o ponto de partida da Noroeste seria o local mais afastado em S�o Paulo onde existissem trilhos�, explica Ghirardelo.

No princ�pio, a cidade dividia com Agudos a prefer�ncia dos engenheiros. Todos conhecem a decis�o final, mas como seria hoje caso a escolha tivesse sido diferente? �Certamente Bauru seria o que � Agudos e vice-versa�, brinca ele.

O desenvolvimento ferrovi�rio da cidade ganhou ainda mais for�a com a chegada da Companhia Paulista de Trens, em 1910 (a empresa foi encampada pelas Ferrovias Paulistas S/A, em 1961, juntamente com as demais ferrovias estaduais).

Benedito Ant�nio, o Toninho, 70 anos, 29 deles dedicados ao trabalho de ferrovi�rio, lembra bem do per�odo glorioso. �Quando entrei na �Paulista�, em 1955, ela era uma das melhores empresas de trem da Am�rica Latina�, atesta com orgulho.

O carinho de Toninho pelo antigo emprego � compartilhado por funcion�rios de outras companhias, como Jos� Carlos da Silva, que tem 48 anos e trabalha desde os 20 na Rede Ferrovi�ria Federal S/A (estatal que incorporou a NOB, em 1957). �Era um trabalho no qual voc� entrava e ficava at� se aposentar�, diz Silva, referindo-se ao plano de carreira que existia na profiss�o.

Para Jo�o Francisco Tidei de Lima, historiador, � f�cil entender o apre�o dos antigos empregados pelo trabalho nos trilhos. �Os ferrovi�rios foram uma das primeiras categorias a possuir capacita��o profissional no Brasil, j� na d�cada de 1930, numa �poca em que o Pa�s ainda entrava na era industrial�, salienta.

Outro fator apontado por Lima era a possibilidade que o empregado tinha de construir uma carreira dentro das empresas. �A pessoa podia entrar como entregador de telegramas, aos 14 anos, e aposentar-se como maquinista. Mas aquilo era um contexto diferente�, destaca o historiador, referindo-se � atual decad�ncia das ferrovias, acelerada ap�s a concess�o das malhas da antiga NOB (1996) e da Fepasa (1998) � iniciativa privada.

Decad�ncia que se faz sentir no cotidiano dos antigos ferrovi�rios. �Antes o banco ia at� o p�tio para nos oferecer cart�o de cr�dito. Hoje o com�rcio nos pede at� certid�o de �bito da av�, brinca Silva.




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