Meio ambiente: pol�tica equivocada do governo

� preocupante o grau de destrui��o planejada, consentida e antecipada do nosso meio ambiente, um dos mais ricos ecossistemas do mundo. Dentro desta �tica, os seguintes fatos, divulgados pela m�dia e por este JC, convidam a um exame cr�tico:

Proposta do Governo Federal de transposi��o do j� exaurido rio S�o Francisco, apenas adiado porque a mobiliza��o contr�ria foi intensa, consistente e atingiu a opini�o p�blica.

Desmatamento acelerado da Floresta Amaz�nica para o cultivo e exporta��o da soja, produ��o financiada, principalmente, por corpora��es norte-americanas e outras multinacionais do agroneg�cio (Cargill, ADM e Bunge), planta��o que j� destruiu 1,2 milh�o de hectares de selva tropical e que servir� especialmente para alimentar os animais criados na Europa, constata��o de representantes do Greenpeace. O Brasil � o segundo maior produtor de soja do mundo, parte dela cultivada ilegalmente, com m�o-de-obra escrava e ocupa��o ilegal de terra.

A especula��o e o corte de �rvores da floresta vir�o como decorr�ncia da iniciativa do governo de pavimenta��o da estrada amaz�nica BR-163, ao longo de 1,7 mil quil�metros e ao custo de US$ 450 milh�es. Entre outras coisas, possibilitar� o escoamento r�pido da produ��o da soja (a Cargill � uma das financiadoras desta estrada).

Assentamento de 100 fam�lias do MST em �rea de 7,7 hectares coberta pela Mata Atl�ntica, no Vale do Ribeira, em lugar considerado Reserva da Biosfera. A Mata Atl�ntica � protegida por leis federais por ser um dos ecossistemas mais amea�ados do mundo, apesar disto, o Incra vai dispor a �rea de preserva��o � ocupa��o das fam�lias, mesmo sendo grande parte desse solo considerado impr�prio para a agricultura e moradia.

Pol�tica de incentivo ao agroneg�cio, � expans�o desenfreada da cana-de-a��car, monocultura geradora de desmatamento, queimadas, aquecimento global e problemas de sa�de. A agricultura de exporta��o, incentivada pelo governo Lula, provocou uma devasta��o no campo e nos rios brasileiros, afirma Pl�nio de Arruda Sampaio.

Concess�o por 40 anos para empresas desenvolverem um projeto de �uso sustent�vel da floresta�. Pouco transparente, a lei � abrangente e permite a explora��o de mat�rias-primas e produtos florestais. Possibilitando o uso da floresta por tanto tempo, o governo antecipa uma explora��o e um desmatamento que n�o deveriam ocorrer. Como controlar a exporta��o ilegal de esp�cies vegetais, o uso e o contrabando de animais?

Projeto de constru��o de um supergasoduto sul-americano para transporte de combust�vel atrav�s da Amaz�nia, impulsionado por Lula e pelos presidentes da Argentina e Venezuela, veementemente criticado por ambientalistas e especialistas em energia. Custar� US$25 bilh�es, cruzar� rios e �reas ind�genas, e destruir� florestas, numa rota que poder� variar de 7 a 10 mil quil�metros, sem viabilidade econ�mica, causando incalcul�veis impactos socioambientais.

Enfim, a destrui��o da nossa biodiversidade, em grande parte causada pela pecu�ria, madeireiras e monoculturas, continua avassaladora, a despeito da fiscaliza��o e a��es do Ibama e Pol�cia Federal (mas ainda insuficientes) e dos esfor�os da Ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva contabilizando uma redu��o anual de floresta de mais de dois milh�es de hectares. Boas leis ambientais n�s temos, mas s�o mal aplicadas, permeadas por ilegalidades, favorecimentos e impunidade. A ministra enfrenta tamb�m essa pol�tica econ�mica imediatista do governo Lula, que fomenta a exporta��o da agricultura comercial e parece n�o entender que a floresta em p� vale mais do que derrubada, que a destrui��o dos nossos recursos naturais � geradora de mis�ria e que a Floresta Amaz�nica � necess�ria, at� para o equil�brio do planeta.


S�nia Marques Joaquim - RG - 4.424.479 - professora aposentada da Unesp-Bauru