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05/07/06 00:00 - Auto Mercado

A lenda da mistura milagrosa

Para donos de flex, combinar �lcool e gasolina na hora de abastecer s� traz uma vantagem - melhorar a partida a frio -, e n�o as qualidades agregadas - maior pot�ncia e autonomia - dos dois combust�veis

Marcelo Ferrazoli
Desde o seu surgimento, em 2003, os bicombust�veis tornaram-se �prato cheio� para os mitos que costumam surgir em torno de algo novo. E, atualmente, tr�s anos ap�s o lan�amento da tecnologia, muitos j� se dissiparam, mas alguns ainda teimam em aparecer. A �lenda da vez� promete operar um verdadeiro milagre para donos de ve�culos flex: misturando �lcool e gasolina na hora de abastecer seria poss�vel obter a combina��o de suas principais vantagens, ou seja, a maior pot�ncia propiciada pelo derivado da cana-de-a��car com a melhor autonomia gerada pelo derivado do petr�leo. Ser� que isso � verdade? Se for, vale mesmo a pena adotar esse h�bito?

Especialistas ouvidos pelo AutoMercado & Cia foram taxativos e conclusivos: o procedimento s� � v�lido, com certeza absoluta, para melhorar a partida a frio dos bicombust�veis. Isso porque a maioria desses autom�veis, pelo menos no Estado de S�o Paulo, rodam quase que exclusivamente com �lcool - combust�vel que por suas caracter�sticas f�sico-qu�micas tem mais dificuldades, especialmente em temperaturas baixas, de gerar a igni��o dos motores do que a gasolina - por ser economicamente mais vantajoso.

O engenheiro mec�nico Marcos Serra Negra Camerini, consultor do AutoMercado & Cia na coluna Dr. Autom�vel, � um dos que atestam amelhora na partida a frio. �Com um pouco de gasolina no tanque, j� fica mais f�cil para o �lcool pegar no ato da partida. Eu n�o colocaria mais do que cinco litros de gasolina levando em considera��o um tanque com capacidade para 50 litros. Essa quantia d� e sobra para fazer o carro pegar com mais facilidade�, estima Camerini.

Mas os reservat�rios de partida a frio existentes nos carros bicombust�veis n�o est�o presentes nos motores para cumprir exatamente essa fun��o? �A� � que est�. Voc� pode eliminar a necessidade da partida a frio adicionando um pouco de gasolina. Os motoristas americanos est�o colocando no tanque o E85, que � composto por 85% de etanol e 15% de gasolina. Isso para eles facilita muito a partida em condi��es clim�ticas mais frias que as de nosso Pa�s. Por isso, se os americanos, com o clima gelado deles de l�, usam 15%, para n�s 10% d� e sobra. Propor��es acima dessa, como o meio a meio - 50% de �lcool e 50% de gasolina -, s�o bobagens, pois se estar� jogando dinheiro fora�, considera Camerini.

Mas ao opinar se a mistura com uma pequena propor��o de gasolina poderia melhorar o consumo dos flex, o engenheiro sustenta que as respostas ao questionamento s� seriam poss�veis ap�s exames detalhados. �N�o sei dizer se com essa mistura o gasto de combust�vel melhoraria, pois seriam precisos testes para se concluir algo a respeito do assunto�, pondera.

J� para Lourival Ortiz de Camargo, instrutor automotivo da unidade bauruense do Servi�o Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), al�m de melhorar a partida a frio, a adi��o de gasolina ao �lcool tamb�m ajuda a diminuir o consumo enquanto o ve�culo estiver rodando com o motor frio e fora das temperaturas ideais de funcionamento. �O consumo do �lcool � naturalmente maior, por�m essa propor��o aumenta � medida que o motor est� frio. Mas, misturando um pouco de gasolina, o consumo diminuiria nessas condi��es�, afirma.

Mas qual seria a propor��o ideal para, rodando prioritaria-mente com �lcool, se conseguir tais vantagens com os flex? Camargo esclarece que a adi��o de uma pequena porcentagem de gasolina j� � suficiente. �Conversando uma vez com t�cnicos de uma empresa respons�vel pelo desenvolvimento do sistema bicombust�vel de uma montadora, eles comentaram que � interessante misturar de 10% a 20% de gasolina no �lcool, o que tornaria mais econ�mico o carro para quem anda na cidade, onde s�o caracter�sticos os trajetos e deslocamentos curtos e o motor acaba trabalhando muito tempo em temperaturas frias�, afirma o t�cnico.

Mas h� tamb�m quem n�o visualize nenhuma vantagem na mistura. � o caso de Edson Silva, outro instrutor automotivo do Senai/Bauru. Para ele, � melhor calcular qual combust�vel � financeiramente mais vantajoso e n�o �esquentar� mais a cabe�a. �N�o vejo benef�cios em se misturar e nenhuma montadora assina embaixo a respeito disso. Melhor � fazer um pouco de conta para escolher qual combust�vel � melhor usar. Eu, por exemplo, n�o calculo em quil�metros por litro, mas sim em centavos por quil�metro rodado e vejo qual est� mais barato para rodar�, finaliza.




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