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25/06/06 00:00 - Tribuna do Leitor

Um Brasil triste...

Ela sempre ouvia da patroa: se o governo continuar assim eu n�o vou poder te pagar. Ficava preocupada, pensava no filho, branquinho, forte, descendente de italianos que, conforme dizia a patroa, n�o teria direito a nenhuma vaga nas faculdades, apesar de t�o pobre quanto os filhos da Lurdinha, esses sim, mulatos que eram, teriam sua chance. Ent�o ela, que trabalhava duro, pagava suas contas, acreditava no Brasil, iria perder o emprego s� para aquele cara se reeleger? Ele d� vale-buj�o e bolsa-fam�lia estimulando a vagabundagem e ela perde o emprego? Tinha ouvido ainda que o projeto bolsa-fam�lia teve sua origem no governo Fernando Henrique, o que aumentava os louros do oportunismo e da incompet�ncia que recheavam as cabe�as dos atuais governantes. Sentia claramente que o pobre precisava de emprego e n�o de esmolas.

Sentia-se humilhada quando lhe perguntavam se tinha ganhado algum desses benef�cios. Ficar na fila, aguardando o gesto magn�nimo de alguns ao fazer caridade n�o era coisa pra ela. O que adiantava? Cobravam tantos impostos, de tudo e de todos para beneficiar somente alguns com uma esmola de R$ 64,00 ou para engordar as contas do exterior da maioria dos pol�ticos. O povo sempre ficava de fora! Sonhava com um pa�s justo, sem esmolas, que possibilitasse a vit�ria �queles que trabalham, se esfor�am. Gostava de trabalhar para poder pagar suas despesas e ainda poder tomar aquela cervejinha gelada nos bailes das sextas-feiras. Tinha orgulho da casa comprada com tanto esfor�o. Havia morado no s�tio, trabalhava desde crian�a, aprendeu com sua m�e que trabalhar nos d� sa�de, nos traz felicidade e independ�ncia. Criou os dois filhos sozinha.

Leu no jornal de domingo a mat�ria sobre bolsa-fam�lia e ficou muito triste ao pensar em quantos haviam se iludido com o atual governo. Pensou na decep��o latente do povo que nunca foi respeitado, ouvido, atendido como merece, mas paga literalmente o pato. Corrup��o e viol�ncia eram estampadas ininterruptamente. Esse governo apregoou novos tempos, tempos sem corrup��o e nos apresentou o governo mais corrupto do s�culo. Sentiu pena de si mesma, de sua condi��o de brasileira, ignorante, carente de m�dicos, rem�dios, suscept�vel a pequenas promessas ilus�rias como a de se praticar um sal�rio m�nimo de R$ 800,00.

Quando o Lula falou na televis�o, com aquele sorriso falso, sobre um sal�rio m�nimo decente, ela jura que acreditou que o SM iria para R$ 800,00, mesmo ouvindo da patroa: se isso acontecer voc� � a primeira que perde o emprego. Ela e a patroa, a patroa e ela... juntas, sofrendo cada uma � sua maneira, de empres�ria a dom�stica, homens ou mulheres, se brasileiros, sofrem a ang�stia da incerteza, do descaso, da tirania de homens insens�veis e cru�is, sofrem as conseq��ncias de um pa�s estagnado, sem perspectivas, um Brasil triste, mesmo que esteja com a �bola no p�.


Teresa Moura - RG 21.887.595




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