Tiroteio fere 17 crian�as em escola

Rio - Quando as m�es chegaram ontem � escola municipal Henrique For�is, no morro da Fazendinha (complexo do Alem�o, zona norte do Rio), a cena era de p�nico: todas as crian�as choravam, muitas escondidas debaixo das carteiras com medo de sair. Al�m da gritaria, havia sangue espalhado nas carteiras escolares, paredes e roupas. Como resultado, 17 crian�as, de acordo com a prefeitura, ficaram feridas por causa de tiros supostamente disparados por traficantes que tentavam atingir policiais militares (PMs) que estavam no local. Alguns moradores, no entanto, acusam a pol�cia de ser a respons�vel pelos tiros.

As balas atingiram o muro, furaram as paredes e janelas da escola. O comandante do 16.� Batalh�o de Pol�cia Militar (BPM), Jos� Nepomuceno, informou que os PMs foram � favela checar den�ncia de que ali haveria caminh�es e carros roubados. Os caminh�es n�o foram encontrados, mas a pol�cia come�ou a checar a proced�ncia de algumas motos que estavam pr�ximas � escola. �Os policiais chegaram a revistar a casa de um desses motociclistas. Quando sa�am da casa, foram atacados por traficantes. Eles n�o tiveram nem tempo, nem �ngulo para revidar. Uma testemunha confirmou as informa��es da PM�, informou o delegado Eduardo Freitas, que investiga o caso.

O delegado enviou � escola uma equipe de peritos, mas a escola estava trancada. �Tentei v�rias vezes falar com a diretora da escola, mas ela n�o respondeu. Agora a per�cia vai ter que ser feita hoje. S� assim teremos a certeza de onde vieram os tiros�, disse.

Hoje ser�o feitas buscas ao traficante Tota, chefe do tr�fico no morro da Fazendinha, que � dominada pela fac��o criminosa Comando Vermelho (CV). Segundo o delegado, Tota tem fama de ser �sanguin�rio�.

A menina Raquel Cardoso, 8 anos, ferida de rasp�o no bra�o direito estava na sala de aula, fazendo a li��o, na hora do tiroteio. �A tia mandou todo mundo abaixar. Fiquei com muito medo, foram muitos tiros. Chorei at� a hora da minha m�e chegar no hospital�, contou.

Aluna da 2.� s�rie, a menina disse acreditar que o tiro que a feriu atingiu tamb�m sua amiga, Raquel Ferreira, baleada no bra�o esquerdo. �Ela estava do meu lado, a� a bala bateu no bra�o dela e depois raspou no meu�, contou. Uma prima de Raquel, que n�o quis se identificar, disse ter ido � escola buscar a sobrinha. Nunca iria imaginar a cena que encontrou. �O tiroteio come�ou na favela, mas n�o nos preocupamos com as crian�as, que estavam na escola. Acabaram os tiros e fui buscar minha sobrinha, com medo de retalia��es ou do com�rcio fechar. Quando cheguei � escola, a cena era de terror. Todos encolhidos, chorando, gritando. Minha sobrinha n�o se machucou, mas estava apavorada, suja do sangue de uma colega. A menina n�o quer voltar na escola�, disse.

A Secretaria Municipal de Educa��o divulgou em nota ontem que a escola tem 306 alunos, entre seis anos e 14 anos. Os atingidos foram encaminhados para o posto de sa�de de Del Castilho, que mobilizou oito m�dicos de v�rias especialidades para atender as crian�as. Oito crian�as precisaram ser transferidas para o Hospital Salgado Filho.

Cinco passaram por cirurgias e continuavam internadas at� a conclus�o desta edi��o. Uma delas foi transferida para um hospital particular em Cascadura. Os outros foram liberados. Moradores informaram que outras cinco crian�as feridas n�o foram para hospitais e receberam atendimento no local. A PM solicitou que a escola n�o abra hoje nem para limpeza, para n�o prejudicar a per�cia e proteger os alunos. No entanto, a secretaria informou que a escola funcionar� normalmente e as aulas depender�o apenas da presen�a das crian�as.