Washington restabelece la�os com a L�bia 27 anos ap�s tensas rela��es

Washington - Os EUA anunciaram ontem que v�o restabelecer totalmente os la�os diplom�ticos com a L�bia, no que aparenta ser um sinal para que outros pa�ses vistos como amea�a pelos EUA - casos do Ir� e da Cor�ia do Norte - sigam os passos do regime comandado por Muammar Gaddafi e abram m�o de seus supostos programas de armas de destrui��o em massa.

Washington mantinha rela��es tensas com a L�bia desde que sua embaixada em Tr�poli foi atacada e incendiada, em 1979. O regime tamb�m foi retirado da lista de Estados que patrocinam o terrorismo mantida pelo Departamento de Estado americano.

�Tomamos essas medidas em reconhecimento ao compromisso perene da L�bia com a ren�ncia ao terrorismo�, declarou a Secret�ria de Estado americana, Condoleezza Rice, em um comunicado no qual classifica a colabora��o l�bia com a guerra ao terrorismo como �excelente�.

Deixando entrever o objetivo de Washington, Rice citou a L�bia como �modelo importante diante da press�o da comunidade internacional por mudan�as no comportamento dos regimes do Ir� e da Cor�ia do Norte�.

O chanceler l�bio, Abdurrahman Shalgham, afirmou que o an�ncio n�o surpreendeu o pa�s e enfatizou a exist�ncia de interesses pol�ticos compartilhados entre Tr�poli e Washington. �Em pol�tica, n�o h� �recompensa� e sim interesses�, declarou. �O an�ncio resulta de contatos e negocia��es. N�o � unilateral. � resultado de interesses m�tuos, acordos e entendimentos.�

A L�bia � um pa�s rico em petr�leo - produz cerca de 1,6 milh�o de barris di�rios e est� entre os dez maiores da Organiza��o dos Pa�ses Exportadores de Petr�leo (Opep). Retomar o com�rcio com o pa�s ofereceria aos EUA uma alternativa para a importa��o de petr�leo em um momento em que suas rela��es com outros grandes produtores, como o Ir� e a Venezuela, est�o abaladas e em que a situa��o no Iraque � extremamente inst�vel.

Rela��es conturbadas

O an�ncio de ontem coroa um processo iniciado em dezembro de 2003, quando Gaddafi surpreendeu ao concordar em desativar seu programa de armas de destrui��o em massa, revelando a exist�ncia de m�sseis e projetos nucleares.

A contrapartida, no ano seguinte, foi o fim de um embargo comercial imposto pelos EUA em 1986. �Como resultado direto dessas decis�es, assistimos ao in�cio da re-emerg�ncia do pa�s ao seio da comunidade internacional. O dia de ontem marca uma nova era nas rela��es entre os EUA e a L�bia, que beneficiar� tanto l�bios quanto americanos�, disse Rice.

Os la�os entre os dois pa�ses t�m um hist�rico turbulento. Al�m do ataque � embaixada em 1979, a L�bia foi considerada respons�vel pelo atentado contra o v�o 103 da Pan Am que explodiu em 1988 sobre a cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas, sobretudo americanos.

Tr�poli tamb�m � constantemente citada entre os regimes que n�o respeitam os direitos humanos, e Gaddafi j� chegou a seu conhecido nos EUA como o homem mais perigoso do Oriente M�dio. Em 1981, o ent�o presidente Ronald Reagan ordenou ataques ao pa�s. Em 1986, voltou a faz�-lo em rea��o � suspeita de que o regime teria patrocinado um atentado terrorista contra uma danceteria em Berlim freq�entada por militares dos EUA que culminou na morte de dois americanos.

A decis�o de retirar Tr�poli da lista de governos que os EUA v�em como patrocinadores do terrorismo levar� 45 dias, contados a partir de hoje, pra entrar em vigor. E, como primeiro passo para o restabelecimento dos la�os, a embaixada americana no pa�s ser� reaberta. Um porta-voz da oposi��o l�bia fora do pa�s referiu-se � decis�o americana como �infeliz�. �Isso n�o ajuda o povo l�bio, que espera assist�ncia internacional para obter direitos humanos�, disse Fayez Jitheir, do Congresso Nacional L�bio.

�Gaddafi certamente usar� isso para fechar o cerco sobre os l�bios que aspiram a coisas t�o simples como a liberdade de express�o ou de ter uma Constitui��o�, disse Jibril, que vive no Egito.