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02/05/06 00:00 - Tribuna do Leitor

As Diretas-J� e a redemocratiza��o do Brasil

O Movimento pelas Diretas-J� constituiu-se num marco da Hist�ria do Brasil, pois foi um dos pilares de sustenta��o da redemocratiza��o, na primeira metade da d�cada de oitenta. Em 1984, pelos quatro cantos do pa�s, centenas de milhares de pessoas, indepentende de posi��es contr�rias, se juntaram com um �nico objetivo: conquistar o direito ao voto direto para presidente da Rep�blica. A ditadura militar, sob a fal�cia de uma revolu��o, instalou-se no Pa�s em 1964, e, de 1968 a 1975, foi sang�in�ria, valendo-se de m�todos execr�veis para manter o controle do sistema.

A tortura, o ex�lio e, principalmente, o assassinato, eram mecanismos utilizados para intimidar, afastar ou acabar de vez com aqueles que lutavam pelos direitos coletivos - acima de tudo, a liberdade. Depois de 1975, a ditadura tornou-se relativamente branda e, em 1984, quando o presidente era o general Jo�o Batista Figueiredo, n�o foi poss�vel impedir a chamada abertura pol�tica, �quela altura inevit�vel, e o est�gio seguinte foi a redemocratiza��o.

Mas, antes do j�bilo da redemocratiza��o, o Movimento pelas Diretas-J� teve as expectativas frustradas, quando o Congresso Nacional n�o aprovou as elei��es diretas. O ran�o militar, com seu conservadorismo exacerbado, n�o permitiu que os brasileiros pudessem escolher diretamente o presidente da Rep�blica, permanecendo um jejum de democracia de mais de duas d�cadas.

O presidente da Rep�blica deveria ser escolhido pelo Congresso Nacional, e os candidatos eram dois. Paulo Maluf, prot�tipo constru�do pela ditadura militar, representava as oligarquias que curvavam-se diante dos carrascos militares. Tancredo Neves, exemplo de resist�ncia � ditadura militar, tinha o apoio da maioria dos brasileiros, mesmo n�o podendo receber seus votos. Resultado. Tancredo Neves foi eleito presidente da Rep�blica, alicer�ado pelo que fora constru�do pelos her�is que lutaram contra os desmandos dos militares, principalmente aqueles que sacrificaram a pr�pria vida, verdadeiros m�rtires, e tamb�m todos que participaram, de alguma maneira, do Movimeto pelas Diretas-J�. Alegria geral.

Entretanto, a alegria foi interrompida quando o presidente da Rep�blica, rec�m-eleito, faleceu, sem ter tempo de governar o Pa�s. Fatalidade? Conspira��o? H� defensores dessas duas teses, mas o fato � que, naquele momento, o pa�s passou a ser governado por um quase desconhecido, um tal de Jos� Ribamar Ferreira, ou Jos� Sarney, escritor e pol�tico experiente do Maranh�o, vice-presidente da Rep�blica, cujo sobrenome pomposo, aristocr�tico, americanizado, contrastava com a inf�ncia humilde, mesmo simpl�ria. Na verdade, o sobrenome era um apelido herdado de seu pai, que chamava-se Ney e era conhecido entre os americanos que desembarcavam nos portos maranhenses, onde trabalhava, como �sir Ney� (�senhor Ney�). Pois esse quase desconhecido, Jos� Sarney, um civil como Tancredo Neves, governou o pa�s continental chamado Brasil, de 1986 a 1989, sob o lema �Tudo pelo Social�.

Na realidade, foi uma esp�cie de governo transit�rio entre a ditadura militar e a redemocratiza��o, uma quase escolha democr�tica. E em que pese alguns desastres econ�micos (quem n�o se lembra dos tempos negros em que a infla��o pairava na estratosfera, e n�o havia produtos para comprar, como carne?), em seu goveno, entre outras coisas, o direito � liberdade de express�o ganhou contornos consider�veis. Mas como teria sido o governo de Tancredo Neves? Nunca haver� uma resposta.


Elson Teixeira Cardoso - escritor




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