L�deres ou seguidores

Ap�s a �ltima Grande Guerra (1945), surgiu um interesse muito grande por lideran�a. De l� para c� foram publicados milhares de livros, vendidos com sucesso. Artigos e cursos de lideran�a, nem se fale. Ainda agora est� em cartaz �O Monge e o Executivo�, de James C. Hunter. Mas aqui vem a pergunta: de quem precisamos mais, de l�deres ou de seguidores?

Edwin B. Flippo, em �Princ�pios de Administra��o de Pessoal�, conta que em uma escola para meninas, nos Estados Unidos, a secretaria expediu 1.237 cartas aos pais com um formul�rio onde indagava: �Sua filha � uma l�der?� Recebeu 1.236 respostas �sim�. Apenas um respondeu: �N�o estou certo de que minha filha seja uma boa l�der, mas estou seguro de que ela � boa seguidora.� A esse a escola escreveu: �Com tantas l�deres em nossa classe de calouras, � um prazer dar as boas vindas � sua filha em nossa escola, onde com certeza existe a necessidade de uma boa seguidora.�

O jornalista Helbert Hubbard, da revista �Philistine�, em fevereiro de 1899, estava sem assunto para o artigo do dia quando, no caf� da manh�, seu filho disse que na guerra entre os Estados Unidos e a Espanha, por Cuba, o verdadeiro her�i foi Rowan. Vai para o trabalho e escreve um artigo despretensioso, contando que o presidente Mac Kinley precisava mandar uma mensagem ao general insurreto Garcia, de paradeiro desconhecido entre as montanhas, e algu�m lhe disse que o homem certo seria Rowan.

Dizia o artigo: �Rowan foi trazido � presen�a do presidente, que lhe confiou uma carta com a incumb�ncia de entreg�-la a Garcia. De como este homem, Rowan, tomou a carta, meteu-a num inv�lucro imperme�vel, amarrou-a sobre o peito, e, ap�s quatro dias, saltou de um barco sem coberta, alta noite, nas costas de Cuba; de como se embrenhou no sert�o, para depois de tr�s semanas surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a p� um pa�s hostil e entregado a carta a Garcia - s�o coisas que n�o v�m ao caso narrar aqui pormenorizadamente. O ponto que desejo frisar � este: Mac Kinley deu a Rowan uma carta para ser entregue a Garcia; Rowan pegou da carta e nem sequer perguntou: � Onde � que ele est�?�

Em seguida o artigo confronta essa situa��o com a dos funcion�rios e empregados que fazem mil e uma indaga��es antes de executar uma ordem. E continua: �Assist�ncia irregular, desaten��o tola, indiferen�a irritante e trabalho mal feito parecem ser a regra geral. Nenhum homem pode ser verdadeiramente bem sucedido, salvo se lan�ar m�o de todos os meios ao seu alcance, quer da for�a, quer do suborno, para obrigar outros homens a ajud�-lo, a n�o ser que Deus Onipotente, na sua grande miseric�rdia, fa�a um milagre enviando-lhe como auxiliar um anjo de luz.�

Esse artigo, com o t�tulo de �Mensagem a Garcia�, foi impresso e distribu�do em profus�o nos Estados Unidos, R�ssia, Jap�o, na Europa e veio para o Brasil, sendo divulgado at� hoje. E qual a raz�o do sucesso? � a de mostrar que o que mais falta � gente que fa�a, do que gente que mande. Flippo, citado acima, diz que �para ser um bom l�der uma pessoa deve ter sido boa seguidora; para dar ordens, uma pessoa precisa aprender a receb�-las. A experi�ncia como seguidor aumenta a capacidade de empatia do administrador nas rela��es com seus subordinados.�

At� por uma quest�o de matem�tica, precisamos mais de bons seguidores do que de bons l�deres, como o Pa�s precisa mais de bons cidad�os do que de bons governantes, porque s�o em maior n�mero e � deles que surgem os bons l�deres e bons governantes.


O autor, Pedro Grava Zanotelli, � consultor e ex-presidente da Ordem dos Velhos Jornalistas de Bauru