Arquiteto � homenageado em exposi��o

Uma panor�mica da vida e da plural obra do arquiteto Eduardo Kneese de Mello � a proposta da mostra �Arquitetura Atribui��o do Arquiteto�, que tem abertura hoje, �s 20h, na Galeria Angelina W. Messenberg, no Centro Cultural Carlos Fernandes de Paiva. A exposi��o, que prossegue com visita��o gratuita at� 10 de maio, � uma realiza��o dos arquitetos Aline Nasralla Regino, Ademir Pereira dos Santos, Camila Pilosio Botelho e Rosa Carlos, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e patroc�nio do Centro Universit�rio Belas Artes, de S�o Paulo.

O arquiteto e urbanista Kneese de Melo (1906-1994) foi um dos pioneiros da arquitetura moderna no Pa�s. Em sua trajet�ria, ele foi dirigente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) e de �rg�os de preserva��o do patrim�nio hist�rico. Ele participou ainda da cria��o da Bienal de S�o Paulo e foi um dos autores, ao lado de Lu�s Saia, do projeto de adapta��o do edif�cio do Trianon, j� demolido (no local onde hoje est� o Masp, na avenida Paulista) e que sediou a primeira Bienal Internacional de Artes de S�o Paulo.

De acordo com Aline Nasralla, uma das curadoras da mostra, a frase que batiza a mostra constava de um panfleto distribu�do por Kneese a fim de divulgar a profiss�o de arquiteto, no surgimento das faculdades da �rea. A id�ia da exposi��o foi conseq��ncia de um projeto de pesquisa na Belas Artes e foi coordenada com o centen�rio do nascimento do arquiteto. �O objetivo � resgatar a hist�ria arquitet�nica do Pa�s, que se perde com facilidade e deixa de fora alguns profissionais. Ele foi um dos respons�veis pelo Parque do Ibirapuera, por exemplo, e ningu�m sabe�, comenta Aline.

A pesquisa sobre a vida de Kneese come�ou na pr�pria Belas Artes, que � detentora de um grande acervo sobre o arquiteto. Os pesquisadores procuraram fotos e tentaram localizar obras e pr�dios, assim como entrevistas e registros. Como resultado, al�m da mostra que teve destaque na �ltima Bienal Internacional de Arquitetura e Design de S�o Paulo, no ano passado, nasceu tamb�m um livro repleto de imagens recuperadas, fotos pessoais e an�lise sobre sua trajet�ria.

A exposi��o conta com diversos pain�is de mais de dois metros de altura, que perpassam a vida e a obra de Kneese, al�m de um v�deo com uma rara entrevista do arquiteto, recuperada com uma produtora de Campinas, e cinco maquetes � dois conjuntos residenciais, a Cidade Universit�ria da Universidade de S�o Paulo (Crusp), o pr�dio da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Guarulhos e um projeto de casa pr�-fabricada que ele trouxe para o Brasil.

Bauru � a primeira cidade do Interior a receber a obra em raz�o da resid�ncia dos filhos de Kneese, Yola de Mello Guimar�es e Eduardo Augusto Quintanilha de Mello, que vivem na cidade e em Agudos, respectivamente. �� uma forma de homenage�-los e agradecer por toda a ajuda que nos deram para o trabalho�, destaca Aline.

Eduardo de Mello ressalta sua grande admira��o pelo trabalho realizado pelos pesquisadores e, pela estr�ia da exposi��o na Bienal e, hoje, a abertura em Bauru. �O fato da mostra sair da Bienal e vir primeiramente para Bauru mostra a import�ncia da cidade para a arquitetura, com nomes respeitados, e mesmo de Bauru como polo de cultura. A vida e a obra de meu pai � um dos maiores orgulhos para mim�, comenta Eduardo.


� Servi�o

Exposi��o �Arquitetura Atribui��o do Arquiteto�, na Galeria Angelina W. Messenberg at� 10 de maio. Abertura hoje �s 20h. A galeria fica na avenida Na��es Unidas, 8-9. Entrada gratuita. Mais informa��es: (14) 3235-1072.


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Trajet�ria

Conforme a an�lise realizada pelos curadores da mostra �Arquitetura Atribui��o do Arquiteto�, a trajet�ria profissional de Eduardo Kneese de Mello pode ser dividida em duas etapas. No come�o da carreira, nos anos 1930, ele atua primordialmente com arquitetura ecl�tica em resid�ncias. �Foi o per�odo em que ele mais construiu obras particulares, especialmente para uma camada social mais privilegiada. H� resid�ncias em estilo californiano, neocolonial e at� marajoara�, cita a curadora Aline Nasralla Regino.

A partir da d�cada de 40, Kneese tentaria desligar-se da arquitetura ecl�tica em nome do estilo moderno, interessado especialmente em habita��o social e no papel social da arquitetura. Uma de suas iniciativas, inclusive, foi a tentativa de implantar no Brasil um m�todo ingl�s de constru��o de casas pr�-fabricadas, mas o material n�o era resistente ao calor.

No final da d�cada de 1950, Kneese participou da constru��o de Bras�lia e realizou ainda um trabalho de documenta��o fotogr�fica do surgimento da Capital, mas n�o h� informa��es sobre o paradeiro de tal material. Outro problema na preserva��o de sua obra, segundo Aline, � a pr�pria falta de pol�ticas que recuperem pr�dios e obras de arquitetura moderna, relativamente recentes na hist�ria do Pa�s. �Perde-se muita coisa pois n�o h� pol�tica ativa de preserva��o. Especialmente das d�cadas de 60 e 70, n�o h� quase nada tombado�, lamenta.

A produ��o de Kneese nos anos 1960 e 70 incluiu diversos pr�dios de uso p�blico, como postos m�dicos, a cidade universit�ria da USP, edif�cios de apartamentos populares e pr�dios particulares, que seguiam seu estilo moderno e social.