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16/04/06 00:00 - Ser

Beleza singular

Abandonando o desejo de perfei��o, novo conceito de beleza elege a diversidade e a auto-estima; publicidade estimula reflex�o sobre o tema

Cristiane Goto
O que seria do azul se todos gostassem do amarelo? Durante d�cadas, o ditado popular parece n�o ter sido bem aceito por muitas mulheres, aprisionadas � ditadura do corpo perfeito, sem celulite e estrias, com poucos quilos e esculpido nas academias de gin�stica. Mas a busca desenfreada por este padr�o est�tico est� perdendo o ritmo. Cada vez mais as pessoas est�o se aceitando e abrindo espa�o para um novo conceito de beleza que valoriza a diversidade, sa�de e bem-estar.

A id�ia � combater o culto � perfei��o e mostrar que todos s�o bonitos, independente de estere�tipos, aponta a psic�loga cl�nica e sex�loga Dalva Tamborianski. �N�o � preciso ter o corpo �sarado� para obter sucesso na vida. Nessa euforia pela beleza perfeita, algumas pessoas se esquecem de sua compet�ncia e projeto de vida, deixando de serem aut�nticas. Buscam estar belas e se esquecem de serem belas. E todo ser humano � belo.�

Pegando carona nesse novo cen�rio, algumas empresas, principalmente as da �rea de cosm�ticos, investem em estrat�gias publicit�rias com enfoque na imagem feminina real. A Natura foi uma das primeiras a estampar, em1992, mulheres comuns e de todas as idades em seus an�ncios.

A Nike resolveu adotar estrat�gia semelhante. Na contram�o do padr�o americano �barbie� � seios com silicone e quadril estreito � a marca de produtos esportivos desenvolveu uma campanha evidenciando partes do corpo feminino e apostando nas diferen�as. A campanha utilizou express�es como �meu bumbum � grande e redondo como a letra C�, �coxas volumosas� ou �pernas que poderiam ser duas varas�, e chamou a aten��o para o fato de que nenhum corpo � prefeito.

Baseando-se em uma pesquisa sobre a auto-estima feminina, a Dove transformou mulheres gordinhas, com barriguinha, celulite ou de seios pequenos em garotas-propaganda da campanha �Real Beleza�, que refor�a o fato de que cada pessoa � bonita do seu jeito. Segundo a assessoria de imprensa da marca, a publicidade aumentou em 30% a venda dos produtos.

A Lux tamb�m realizou um estudo sobre o perfil da mulher atual para criar sua estrat�gia de marketing. Denominada �Somos Todas Divas�, a campanha Lux prioriza a evolu��o feminina para democratizar o luxo. A id�ia, explica a assessoria de imprensa da marca, � deixar de lado padr�es est�ticos e representar a beleza feminina por meio de atitude e bom humor.

Mas al�m de trazer maiores lucros para as empresas, as campanhas publicit�rias abriram espa�o para importante reflex�o sobre o conceito de beleza atual, que vai muito al�m do culto ao corpo, id�ia solidificada nos anos 90. De acordo com Tamborianski, na busca pela apar�ncia jovem e corpo escultural, milhares de pessoas se tornam escravas da vaidade. Prova disso s�o as in�meras cirurgias pl�sticas realizadas no Brasil, que � l�der no ranking mundial, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pl�stica (SBCP), em m�dia, s�o realizadas 400 mil cirurgias por ano, sendo 60% delas com finalidade est�tica.

Auto-estima

�H� indiv�duos que vivem em fun��o da apologia � beleza externa. No Rio de Janeiro, por exemplo, mulheres mais velhas gastam muito para serem vistas como novas e avan�adas. � uma futilidade�, avalia Tamborianski. A cobran�a est�tica pode aprisionar e trazer frustra��es, ressalta. �Muitas pessoas acabam se envolvendo pela id�ia do corpo perfeito e se esquecem da beleza interior. N�o h� compromisso com o existencial.�

De acordo com a psic�loga, o conceito de beleza est� conectada � sa�de, bem-estar e auto-estima. �Ser belo � o encontrar consigo mesmo. Se a pessoa est� de bem com o universo e seus semelhantes, tudo responde positivamente para isso�, observa.

Para a fisioterapeuta Vanessa de Ara�jo Fioretti, 24 anos, ser belo � poder expressar sua pr�pria identidade. Gordinha desde a inf�ncia, ela nunca quis recorrer a dietas mirabolantes ou cirurgias pl�sticas para se �enquadrar� nos padr�es de beleza. �Desde os 7 anos minha m�e falava para eu n�o comer porque poderia engordar. Nunca liguei para isso. Na escola era gordinha, mas todo mundo sempre me respeitou. Acredito que quem gosta de mim gosta do jeito que sou�, diz. �H� pessoas de todos os tipos e gostos diferentes para tudo. � a diversidade�, afirma.

Assim como Fioretti, muitas mulheres p�em em xeque o padr�o est�tico e provam que � poss�vel superar as press�es di�rias de beleza. � o caso da cabeleireira Marisa Cristina Ribeiro Lopes, 39 anos. Dona de um sal�o de beleza especializado em cabelos afro, ela conta que grande parte de suas clientes prefere alisar as madeixas crespas e encaracoladas.

�Muitas acabam sendo escravas da beleza para se encaixar nos padr�es�, opina Lopes. Mas diferente de suas freguesas, ela nunca quis alisar as madeixas crespas e armadas � caracter�stica t�pica da ra�a negra. �Meu cabelo � crespo e, se eu pente�-lo, fica parecido com o da cantora Luciana Melo. �s vezes o deixo solto ou fa�o tran�as, mas n�o gosto de escova e �chapinha��, diz.




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