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09/04/06 00:00 - Cultura

Viagem pela l�ngua portuguesa

Museu da L�ngua Portuguesa, em S�o Paulo, narra de maneira interativa o portugu�s no mundo

Adriana Fricelli
A riqueza de nossa l�ngua n�o � segredo para as cerca de 180 milh�es de pessoas no mundo que a adotaram, mas s� ao penetrar no Museu da L�ngua Portuguesa � poss�vel sentir a complexidade do idioma que - como tudo que � brasileiro - n�o � �nico, mas uma mistura original de uma por��o de povos e que se reinventa a cada dia. Um museu onde os objetos e textos n�o se restringem �s paredes e convidam todos os participantes a uma visita sensorial e interativa por meio de v�deos, audi��o de leituras e m�dulos.

Para abrigar tantas letras e hist�ria, foi escolhida a cidade de S�o Paulo, onde se concentra a maior popula��o de falantes do portugu�s no mundo. E, dentro da Capital, a Esta��o da Luz, ponto de encontro entre o portugu�s falado aqui e os tantos outros idiomas, desde sua cria��o, quando centenas de estrangeiros imigrantes desembarcavam ali, vindos do Porto de Santos.

O Museu da L�ngua Portuguesa da �nica institui��o voltada ao idioma natal de um pa�s. Concebido em 2001, o projeto tomou forma gra�as �s parcerias firmadas entre institui��es p�blicas e privadas, e foi aberto ao p�blico no dia 20 de mar�o. Uma obra ousada, onde cada metro constru�do respira o s�culo 21, e com um custo final t�o surreal quanto toda a virtualidade que impera no museu: R$ 37 milh�es.

Para produzir a exposi��o permanente do pr�dio, a diretora de conte�do do museu, a soci�loga Isa Grinspun Ferraz, coordenou uma equipe formada por cerca de 30 especialistas em l�ngua portuguesa no Pa�s, al�m de antrop�logos e cineastas, e contou ainda com a dire��o art�stica de Marcello Dantas. �Nossa id�ia era criar um museu vivo e democr�tico, que n�o atra�sse apenas intelectuais, mas sim pessoas das mais variadas classes e condi��es sociais para contemplar a nossa l�ngua, da qual somos todos autores. E � por conta justamente dessa flexibilidade do idioma que at� mesmo a exposi��o permanente pode sofrer varia��es ao longo dos anos�, explica Ferraz.

Ao chegar � esta��o, dois elevadores panor�micos conduzem os visitantes � viagem pela l�ngua portuguesa. Entre os dois, a ��rvore da L�ngua�, a coluna vertebral do corpo do museu, criada pelo arquiteto e designer Rafic Farah. Em sua raiz, diversas palavras, e, de m�sica de fundo, um mantra composto por Arnaldo Antunes brinca com os termos �l�ngua� e �palavra� em diversos idiomas, criando o cen�rio de um ritual de passagem.

No primeiro piso � dedicado �s exposi��es tempor�rias � est� uma mostra comemorativa aos 50 anos da obra de Guimar�es Rosa �Grande Sert�o: Veredas�. Concebida pela diretora teatral Bia Lessa, o espa�o recria o sert�o nos tempos modernos, com ch�o de cimento e tijolos, lat�es de �leo e t�buas esculpidas por trechos do livro.

O processo de cria��o do autor � compartilhado pelos visitantes que interagem com os escritos originais de Rosa, incluindo suas corre��es � l�pis. Os ouvidos s�o premiados com sete trilhas criadas por Lessa, correspondentes a personagens do livro, al�m da grava��o de trechos da obra narrados por Maria Beth�nia.

Grande Galeria

Na grande galeria, localizada no segundo pavimento, 11 filmes s�o projetados simultaneamente num painel de 106 metros, que corta todo o edif�cio. Dirigidas por Marcello Dantas, Victor Lopes e Carlos Nader, as imagens mostram a influ�ncia da l�ngua portuguesa no cotidiano e a influ�ncia do cotidiano na l�ngua portuguesa.

Oito totens ocupam a �rea central da galeria, intitulada de �Palavras Cruzadas�. Dois deles s�o sobre as l�nguas africanas, dois sobre as ind�genas, um sobre a espanhola, um para a inglesa e francesa, um dedicado �s l�nguas dos imigrantes e o �ltimo que exibe o portugu�s no mundo.

Ainda na galeria, o �Beco das Palavras� seduz crian�as e adultos. De uma maneira l�dica, todos se divertem ao movimentar, no ar, partes de palavras que, quando se chocam, mostram ao jogador a origem e o significado do voc�bulo. Uma sensa��o �nica de ter literalmente as palavras em suas m�os.

No �ltimo pavimento, faz-se obrigat�ria uma parada no audit�rio. Com recursos audiovisuais, ali o visitante compreende a for�a da linguagem e, conseq�entemente, do museu. Depois de dez minutos de exibi��o, sobe-se o tel�o e abre-se o caminho para a �Pra�a da L�ngua�.

S�o 20 minutos de total imers�o no reino das palavras. Uma minuciosa escolha da literatura produzida em portugu�s integra a antologia de Jos� Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski. As prosas e os versos s�o narrados nas vozes de personalidades de peso, como Chico Buarque, Z�lia Duncan e Matheus Natchtergaele, enquanto o texto � refletido no ch�o, teto e paredes, acompanhando a sonoridade dos versos.

Depois de horas caminhando entre todas as l�nguas que s�o a nossa e sentindo o peso de cada letra com os olhos e os ouvidos, ao sair do Museu da L�ngua Portuguesa, o que fica � a certeza de que ainda nos faltam palavras para exprimir certas emo��es.

Servi�o

O Museu da L�ngua Portuguesa funciona de ter�a-feira a domingo, das 10h �s 18h, na Esta��o da Luz (Pra�a da Luz, s/n� - S�o Paulo). Ingressos a R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (estudantes com comprovante e maiores de 60 anos). Mais informa��es: (11) 3326-0775 ou pelo site www.museudalinguaportuguesa.org.br.




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