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30/03/06 00:00 - Opini�o

Nonsense

Para quem n�o se recorda do saudoso Stanislaw Ponte Preta, dir�amos que era uma esp�cie de Z� Sim�o de algumas d�cadas atr�s. Criador de express�es hil�rias, s�nteses da sociedade de seu tempo, muitas vararam os anos. � o caso do Febeap� (Festival de besteiras que assola o Pa�s), express�o ainda hoje bastante usada, porque bobagens, insensatez, destrambelhamento continuam sendo t�nicas da vida social do Pa�s.

Para significar uma terra que n�o � de ningu�m, os ingleses recorrem � express�o no man�s land. � a impress�o que temos da pol�tica nacional: como se n�o existissem lei e �tica, est�o metendo a m�o no que n�o lhes pertence, sugando o er�rio e afirmando, na maior cara-de-pau, que n�o sabem de nada, n�o fizeram nada. E fica assim... Na terra em que todos mandam, ningu�m manda.

Acontece que este nonsense, quer dizer, esta conduta desprovida de significado ou coer�ncia, estes absurdos, estes disparates, n�o t�m paradeiro e o povo parece n�o se dar conta disso. O cidad�o, quando consultado, n�o est� nem a� com a moralidade. Pisotear a �tica n�o mancha mais a biografia de ningu�m.

Este governo � o das parvo�ces, do pastel�o. Ainda h� pouco, o partido do presidente realizou um retumbante almo�o para comemorar anivers�rio. Foi uma barafunda no card�pio, um oba-oba com dezenas de entradas diferentes, queijos de variadas marcas, intermin�vel lista de canap�s, festival de crepes e n�o sei mais o qu�... Especialistas em gastronomia teceram fin�ssimas goza��es ao menu, para quem os petistas meteram os p�s pelas m�os, confundindo o que � caro com o que � bom. Mas o que era mesmo que o partido comemorava?

Os absurdos n�o param por a�. Consta que a firma do Lulinha, filho mais velho do presidente, teria recebido um significativo empurr�o de cifr�es do governo para solidificar-se no ramo da tecnologia, embora nada de destaque o mo�o tenha feito at� agora. Conseq��ncia: Lulinha j� pode considerar-se um homem de posse e, caso se contente com o amealhado, n�o precisar� mais trabalhar na vida! O que muitos n�o conseguem durante toda uma exist�ncia, o filho do presidente j� logrou atingir no curto espa�o do mandato do pai!

Enquanto isso, o presidente continua pelos palanques da vida, falando em alto som que nunca, �desde a descoberta do Brasil�, fez-se tanto por este Pa�s. E tome remendo em estradas, fazendo nosso dinheirinho escoar pelo ralo. E tome iniciativa de lan�amento de imposto para ajudar pa�ses pobres, quando milhares morrem � mingua no nosso quintal.

E mais: o que existe de glorioso no fato de o presidente estar h� n�o sei quantos dias sem beber? Isso � motivo de orgulho? Seus correligion�rios, fazendo disso uma bandeira, induzem-nos a pensar que � muito penoso para o mandat�rio da Na��o afastar-se do copo. Caso contr�rio, por que contar cada minuto dessa caminhada abst�mia?

Outro grande disparate � o assistencialismo barato (barato em todos os sentidos) do programa bolsa-fam�lia. O pr�prio presidente, no in�cio do mandato, lan�ou m�o do clich�: n�o se deve dar o peixe, mas ensinar a pescar... Entretanto, por ser um bom cabo eleitoral, esse remendo vem sendo usado como carro-chefe das campanhas governamentais. E tome m�seros reais aqui ou acol�, quando, na verdade, al�m de n�o se alcan�ar a popula��o mais sofrida, fomenta-se um paternalismo morno e inadequado ou, ainda, como diz Freud, perpetuam-se la�os arcaicos. Dir�o que essa nossa manifesta��o de descontentamento � exagerada. Pode ser. Parafraseando o jornalista Zuenir Ventura, talvez estejamos querendo fazer Shakespeare na terra de Dercy Gon�alves.


A autora, Maria da Gl�ria De Rosa, � colaboradora da coluna opini�o - e-mail: [email protected]




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