Pobre cerrado

O cerrado da Vargem Limpa era belo e povoado, como os sonhos de um adolescente, mas a ind�gna orgia do capital o descobriu, e ali estabeleceu-se os mais s�rdidos dos bacanais, onde a inoc�ncia das flores foi arrastada, fr�geis e verdes cip�s pareciam resistir, e, teimosos como todos os vegetais do cerrado, murchavam, emaranhado-se nas ra�zes de �rvores que, orgulhosas, tombavam como soldados defendendo a �ltima trincheira, diante das implac�veis m�quinas, c�mplices perfeitas de capitalistas desalmados que pintavam ali o mais eleg�acos dos quadros. Como os campos de minha inf�ncia, tamb�m j� n�o tenho sonhos, n�o aderi � l�gica do lucro, mas fui vilipendiado pelo tempo e pelas necessidades humanas, mas ainda resisto como um angico solit�rio no espig�o da vida. E tu,cerrado? Fizeram de voc� um imenso canavial.


L�zaro Carneiro