Editado em 1991, o especial �A Embaixatriz do Samba� volta a ser exibido em uma �poca providencial: no Carnaval e na cola do sucesso da biografia de Carmen Miranda escrita por Ruy Castro. A �coincid�ncia� faz bem ao especial, que a Cultura exibe na madrugada de hoje para amanh�, �s 2h30. As imagens de carnavais antigos e a boa abordagem do jeito de Carmen de �carnavalizar a arte e a vida� servem como uma amostra do que era a festa no Rio nos anos 30 e 40, quando Carmen brilhava.
E, feitos 14 anos antes de Castro lan�ar sua excepcional biografia, o document�rio agrada por n�o escorregar em imprecis�es que se arrastaram ao longo das d�cadas, muitas gra�as a Carmen ou aos divulgadores dos est�dios de Hollywood em que ela trabalhou. Al�m da boa pesquisa coordenada pela roteirista e diretora Cristina Fonseca, o especial conta com depoimentos de pessoas que nem Castro teve chance de ouvir, como Braguinha, Aurora Miranda e Grande Otelo.
Al�m deles, h� falas bonitas de um Dorival Caymmi ainda pleno de sa�de (�Ela enchia uma casa de alegria�, diz), esclarecedoras do bi�grafo Cassio Barsante, j� morto, e apropriadas de Caetano Veloso, que promoveu com o tropicalismo uma nova revis�o de Carmen, a quem exalta como �monumento kitsch� e elo entre a arte pop e o dada�smo.
A Carmen cantora, atriz e mito �, felizmente, muito mais importante no especial do que a mulher que sofreu nas m�os do marido americano David Sebastian e morreu do cora��o por causa do excesso de barbit�ricos. Em 50 minutos, � imposs�vel dar conta de uma artista t�o importante, �cone de um Brasil exuberante e, portanto, falso na sua realidade, verdadeiro na sua possibilidade. Mas a seriedade do trabalho e a oportunidade de rever imagens em movimento de Carmen valem o especial. Para quem quer saber mais, o livro de Castro � o caminho. |