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10/02/06 00:00 - Opini�o

Pacote ou remendo econ�mico?

Tanto faz que se diga pacote ou remendo � iniciativa do governo de oferecer um incentivo � constru��o habitacional, porque ambas as coisas s�o de car�ter emergente e tempor�rio. N�o vamos negar o valor dessa medida e nem de seus efeitos, que ser�o positivos. Tamb�m n�o vamos dar import�ncia aos coment�rios da oposi��o, taxando-a de eleitoreira. Desde que nos conhecemos por gente, nessas situa��es a linguagem da oposi��o e da situa��o sempre foi a mesma, variando apenas as posi��es. O que importa aqui � que entra e sai governo sem que haja pol�ticas definidas sobre as quest�es mais importantes para o pa�s. O governo vai sempre remendando ou tapando buracos (sem alus�o � opera��o tapa-buraco, mas que vale tamb�m).

Se o governo tem sido incapaz de formular pol�ticas ou diretrizes duradouras, o Congresso, por sua vez, n�o consegue discutir e aprovar nenhum projeto de f�lego sobre as reformas necess�rias. Faltam compet�ncia e vontade pol�tica para encarar os assuntos mais s�rios. H� v�rios projetos de reforma � tribut�ria, fiscal, pol�tica, agr�ria, sindical etc. que nunca avan�am. Quando o problema fica imposterg�vel, faz-se uma �meia sola� e o projeto principal continua sem solu��o. Nestes �ltimos tempos o Congresso tem sido mais um referendador de Medidas Provis�rias do que legislador.

Voltando ao caso do incentivo � constru��o habitacional, vejam a falta que faz uma pol�tica da ind�stria da constru��o civil. Primeiramente, tanto na �rea habitacional como nas outras �reas - edifica��es em geral, estradas e pontes etc. a necessidade � permanente e crescente. � uma atividade que al�m de n�o poder parar tem que crescer. Quanto ao aspecto econ�mico, � a mais reprodutiva de todas ind�strias. O crescimento da constru��o civil aumenta o n�mero de empregos diretos e indiretos. Segundo Melvyn Fox, da Abramat, a capacidade multiplicadora de emprego e renda � duas vezes superior � do setor mais din�mico, que � a ind�stria automobil�stica. � que o aumento da constru��o, al�m do aumento de emprego nela pr�pria, aumenta o emprego no com�rcio de materiais de constru��o e nas ind�strias de a�o, cimento, cer�mica, tinta, madeira, pl�stico, enfim, � uma locomotiva da economia. Ainda segundo Melvyn Fox, nos Estados Unidos, o primeiro �ndice da economia que o presidente da Rep�blica avalia ao iniciar seu dia de trabalho � o que trata da constru��o civil.

Uma pessoa importante disse em certa ocasi�o e n�s ficamos repetindo, que a diferen�a entre um estadista e um pol�tico � que enquanto o estadista pensa nas pr�ximas gera��es e pol�tico pensa nas pr�ximas elei��es. E essa preocupa��o com as pr�ximas elei��es n�o tem deixado tempo para pensar no longo prazo. O governo que sai n�o deixa plano para ser continuado pelo que entra e o que entra n�o tem planos, s� tem promessas, que depois procura cumprir com os remendos. Sobre o atual pacote, Arm�nio Fraga, ex-presidente do Banco Central, diz que �� dif�cil imaginar que essas medidas tenham um impacto muito grande. O que tem peso mesmo � o que vai acontecer nos pr�ximos anos. O pa�s chegou a um ponto em que, para a economia deslanchar, � preciso saber o que far� o pr�ximo governo, seja ele qual for.�


O autor, Pedro Grava Zanotelli, � consultor e ex-presidente da Ordem dos Velhos Jornalistas de Bauru




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