Com ajuda da Internet, irm�os se encontram depois de 23 anos

Mais uma vez estava em Bauru o desfecho para um mist�rio familiar. H� 31 anos, Taurides Ruy Campista abandonou a mulher gr�vida em Vit�ria, Esp�rito Santo, e sumiu com o filho Taurimar, na �poca com 6 anos. Atualmente com 36 anos, o rapaz foi encontrado pela irm�, que nasceu oito meses ap�s o desaparecimento dos dois. Desde os 8 anos, Ady queria not�cias do irm�o, desconhecido para ela.

Gra�as � Internet, a busca dela chegou ao fim nesta semana. Para al�vio da m�e, cuja ang�stia carregava diariamente, Ady localizou Taurimar em Bauru. �Quando ela me ligou, achei que fosse trote. S� acreditei porque ela descreveu as tatuagens do meu pai. Ainda n�o consegui falar direito com minha m�e porque ela chora de um lado (da linha) e eu do outro. Ontem deu para conversar um pouco�, conta Taurimar.

Amanh�, ele sair� de Bauru �s 7h, rumo a Campinas, onde embarcar� num avi�o para Vit�ria. A fam�lia capixaba se uniu para comprar a passagem. �Minha m�e est� em �xtase. Quando eles sumiram, teve at� reportagem (no jornal), mas ningu�m ajudou muito. Ela sustentou eu e meus irm�os, sozinha, nunca mais casou. Era auxiliar de servi�os gerais�, conta Ady.

Quando foi abandonada, al�m de estar gr�vida, Maria Andreatta tinha outros tr�s filhos do primeiro matrim�nio. Casou-se pela segunda vez porque enviuvou. Ela n�o teve tempo de contar a Taurides sobre a nova gravidez. Ele morreu em novembro do ano passado sem saber que tinha mais uma filha. Ele abandonou Vit�ria para acompanhar outra mulher, com quem teve mais tr�s filhos.

�Patinho feio�

Para o primog�nito Taurimar, Tauridez dizia que a m�e tinha morrido. O rapaz n�o tem lembran�a alguma da �poca em que conviveu com a m�e, no Esp�rito Santo. �N�o lembrava nem do rosto. Eu sofri muito. Eu era o �patinho feio� da fam�lia. Meu pai nunca encostou o dedo em mim, mas dela (a madrasta) eu apanhava todo dia. Hoje a gente se d� bem�, conta o rapaz. Atualmente, ele trabalha como manobrista num estacionamento de Bauru.

Mas antes de chegar � cidade, morou no Paran�, onde o pai fixou resid�ncia. Como ele trabalhava em barragens, a cada m�s a fam�lia passava por um lugar. Mas foi Porto Primavera, no Estado de S�o Paulo, que o trouxe a Bauru. �Eu morava l� e peguei muita amizade com um menino. Eu tinha 11 anos. Ficava mais na casa dele do que na minha. Comia e dormia l�. Depois, eles se mudaram para Birig�i. Com uns 14, 15 anos, vim sozinho atr�s deles�, conta Taurimar.

Como a irm� do grande amigo veio morar em Bauru, ele seguiu para c� em 1987. O paradeiro dele, Ady descobriu com a ajuda de um amigo, mas s� o localizou de fato via orkut. �Mas eu j� tinha mandado e-mail para o Gugu, para o Ratinho. Ele (o pai) saiu de casa dizendo que ia comprar um t�nis para o Tauri. Nunca mais voltou. Eu n�o o conheci�, conta Ady.

Para ela e para o irm�o, as horas custar�o a passar at� o primeiro encontro. Ele, pelo jeito, s� vai relaxar amanh� � tarde. �N�o consigo nem dormir. Rolo de um lado para outro da cama�, confessa.


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Orkut

Veiculada pelo JC, a hist�ria do rapaz adotado quando beb� em Bauru que descobriu o nome da m�e biol�gica encheu de esperan�as a dona de casa Ady da Penha Campista. Um dia ap�s ler a mat�ria, ela colocava um ponto final numa busca despertada aos 8 anos, quando soube da exist�ncia do irm�o. Aos 31 anos, conseguiu �xito gra�as ao orkut.

�Fui procurar uma amiga e procurei o sobrenome Campista. Deu um monte. Vi Tauri e puxei o perfil, idade, data de nascimento. N�o tinha o e-mail dele ou o telefone. Consegui o n�mero com um amigo dele. Ele quis saber porqu� (de tantas perguntas) e falei que ele era meu irm�o�, conta Ady.

A informa��o perturbou Taurimar, que usa de poucas palavras para contar a hist�ria e driblar assim a voz embargada pela emo��o. �Criei uma comunidade com o meu nome. Quem diria que iria dar nisso?�, questiona.