Bauru e grande região - Sexta-feira, 04 de outubro de 2024
máx. 31° / min. 12°
08/01/06 00:00 - Opini�o

Encontro com Sharon

Ocupa espa�os generosos na m�dia a incerteza do retorno � chefia do governo de Israel do primeiro-ministro Ariel Sharon, dada a sua condi��o de sa�de. As circunst�ncias vividas como secret�rio da Agricultura e interino da Secretaria da Ind�stria e Com�rcio do Estado de S�o Paulo levou-me, em 1988, a Israel, para conhecer sua irriga��o por gotejamento (novidade na �poca), a produ��o de leite controlada por programa com-putadorizado, fazendas de camar�o, crocodilo, cultivo de flores e frutas. Tudo isso no deserto, gra�as � �gua do rio Jord�o, um rio Batalha melhorado.

O governo israelense era Trabalhista (centro-esquerda), sob a lideran�a de Shimon Peres, � �poca principal figura da pol�tica israelense, hoje premiado com o Nobel da Paz. Com ele ter�amos o encontro mais importante, por�m, o que marcaria a viagem da comitiva formada por quatro secret�rios do governo paulista e alguns empres�rios seria o encontro com o ministro da Ind�stria e Com�rcio de Israel. Orientados pelo Itamaraty e pelo c�nsul de Israel em S�o Paulo, Tiv Shazan, decidimos que, conforme o assunto, um secret�rio usaria da palavra saudando o acontecimento. Coube-me fazer a sauda��o no encontro com o ministro da Ind�stria e Com�rcio. Por�m, antes que pudesse faz�-lo, o ministro tomou a palavra e iniciou um falat�rio que levou o int�rprete a demorar algum tempo para exercer sua fun��o. O jeito de falar e a rea��o dos que nos acompanhavam e entendiam o hebraico, permitiu antever que boa coisa n�o viria da boca do int�rprete. Est�vamos certos. O ministro desancou o Brasil pela sua rela��o de com�rcio, em especial o de armas, com o Iraque. Mal-estar geral e todos esperando minha palavra de sauda��o. N�o tive d�vidas, me senti um brasileiro na defesa da honra da p�tria, calcei as chuteiras e fui � luta.

Com a educa��o poss�vel para a ocasi�o, observei que n�o est�vamos ali para ouvir agress�es � nossa soberania e que n�o t�nhamos o costume da inger�ncia em assuntos internos de outros pa�ses. Da mesma forma, jamais ir�amos questionar o envolvimento de Israel no epis�dio Ir�-Contras (esc�ndalo da �poca relativo a invas�o do Ir� por for�as norte-americanas para resgatar ref�ns na embaixada dos EUA, em Teer�). O int�rprete evitou traduzir, mas o ministro percebeu que a resposta foi dura. Questionou o funcion�rio e exigiu a tradu��o. Ouvida a r�plica, levantou e bufou. Sentou e come�ou a falar dos assuntos que ali fomos tratar como se nada tivesse acontecido. � sa�da cumprimentou a todos e se recolheu ao gabinete. � porta do pr�dio, comecei a receber cumprimentos pela minha postura e a� fui saber que tinha enfrentado o temido general que comandou o massacre nos acampamentos de Sabra e Shatila. Hoje, a seu modo, buscava a paz entre judeus e palestinos. N�o sei se ter� nova chance.


O autor, Antonio Tidei de Lima, � engenheiro




publicidade
As Mais Compartilhadas no Face
(SF) © Copyright 2024 Jornal da Cidade - Todos os direitos reservados - Atendimento (14) 3104-3104 - Bauru/SP