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Evolução da cultura empreendedora

Evolução da cultura empreendedora

(*) Magno de Aguiar Maranhão
Claro que nada acontece de repente. A euforia em torno do empreendedorismo que hoje toma conta das instituições de ensino médio e superior brasileiras e do próprio MEC não surgiu do nada. Já era esperada neste cenário que, aos poucos, foi sendo desenhado pela globalização e pelas transformações advindas dos avanços tecnológicos, que, se por um lado facilitaram nosso dia-a-dia, por outro levaram a sociedade a um tal grau de complexidade que não conseguiríamos sobreviver se não nos exercitássemos, diariamente, na busca do conhecimento; ou seja, se não tivéssemos capacidade empreendedora. Logo, o ensino do empreendedorismo em escolas e universidades deve ter como meta aperfeiçoar dons que todos trazemos, fornecendo aos alunos, paralelamente, ferramentas para que sejam bem-sucedidos na tarefa de construir, manter e gerir um negócio - nem que o negócio que tenham em vista seja apenas a carreira que escolheram.

Digamos que os Estados Unidos agiram como bom empreendedor. Considerando a velocidade dos avanços tecnológicos e mudanças que se anunciavam nas relações de trabalho, aquele país entendeu que deveria apostar na educação e no espírito empreendedor de sua juventude.

O Instituto Euvaldo Lodi, o Sebrae e a Confederação Nacional das Indústrias, por exemplo, lançaram em 1998 o programa Reúne-Brasil, visando à capacitação de professores para ensinar empreendedorismo em instituições de ensino superior. O Anprotec estimula a criação de incubadoras - onde novas empresas desfrutam de benefícios até se firmarem no mercado. O CNPq criou em 1992 o programa Softex, para estimular a criação e exportação de softwares brasileiros, enquanto o Softsart é voltado para a educação. Em 2000, o MEC lançou com o Sebrae o programa Técnico Empreendedor, para 300 mil professores e oito milhões de alunos de escolas técnicas.

Enquanto isso, o governo federal comemora três anos do programa Brasil-empreendedor, que já abrange 4.278 municípios, auxiliou a criação de 317 mil empresas (700 mil empregos). Tenta-se fortalecer o imenso universo de micro e pequenas empresas brasileiras, e organizar o “universo paralelo” formado pelas que não têm existência oficial.

Dos que utilizam o dialeto “empreendedores”, só decifrado por quem passou anos numa escola de Administração, apesar de, no empreendedorismo, a prática ser mais importante que o discurso. Dos que, enfim, não contribuirão para a construção de uma cultura empreendedora calcada em nossas necessidades e possibilidades. Vamos refletir sobre isso. Afinal, um ensino ruim será tão prejudicial à saúde empreendedora do país quanto a instabilidade econômica e a falta de apoio às pequenas empresas.

(*) Conselheiro do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro




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