Após receber laudo telefônico, o promotor convenceu-se da participação do carcereiro na fuga de presos no Cadeião.
O promotor de Justiça Paulo Sérgio Foganholi pediu a prisão preventiva do carcereiro Fernando César Rodrigues, acusado de ajudar na fuga de 89 presos da Cadeia Pública de Bauru, no dia 11 de novembro, em troca de dinheiro. O promotor, que no final de novembro havia indeferido o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil, tomou a decisão após receber o laudo da quebra do sigilo telefônico de Rodrigues.
O JC tentou, mas não conseguiu localizar Rodrigues nem seu advogado para comentar o pedido de prisão preventiva. Para Foganholi, o laudo do telefone celular comprova a participação de Rodrigues na fuga em massa. O laudo, emitido pela Telefonica a pedido da Polícia Civil para prova do inquérito, revela que do celular do carcereiro foram feitas várias ligações para acusados de terem planejado e executado o resgate de presos, inclusive presidiários e ex-presidiário.
Do mesmo celular, que de acordo com o promotor é comprovadamente de Rodrigues, também foram feitas ligações para uma pessoa, em São Paulo, que faria parte de uma quadrilha. Após o laudo telefônico ter sido anexado ao processo, no início do mês, o promotor disse que convenceu-se da participação de Rodrigues na fuga.
Em função disso e pelo fato do carcereiro não estar comparecendo às audiências do processo administrativo que apura a fuga instaurado pela Delegacia Seccional, Foganholi decidiu pedir a prisão preventiva. Ele também pediu a condenação do carcereiro por facilitação de fuga, corrupção, por colocar a vida de colega de trabalho em risco, porte de arma e cárcere privado, que somariam mais de dez anos de prisão.
O juiz da 1.ª Vara Criminal, Benedito Okuno, que no mês passado seguiu o posicionamento do promotor e negou o pedido de prisão preventiva, manteve sua decisão. Dos cinco acusados de estarem envolvidos na fuga, o juiz acatou o pedido de prisão preventiva apenas de Douglas Rogério Reducino, ex-presidiário que durante o inquérito policial denunciou que o carcereiro ajudou na fuga.
Douglas, que agora está com prisão preventiva decretada, chegou a manter contato com o promotor, mas ainda não se apresentou. Como Rodrigues não compareceu às audiências da sindicância instaurada pela Delegacia Seccional, o processo está correndo à sua revelia. A sindicância apura a fuga no âmbito administrativo e pode culminar até com a expulsão do carcereiro da Polícia Civil caso seja comprovada a sua participação na ação.
Ele foi, inclusive, citado através de Diário Oficial do Estado, mas não compareceu à Delegacia. O processo segue na 1.ª Vara Criminal. O juiz Benedito Okuno marcou o interrogatório dos cinco acusados no caso para o próximo dia 21. Em seguida, na fase de apuração, o juiz vai ouvir as testemunhas de acusação e de defesa para, depois, proferir a sentença.
Para entender o caso
O inquérito policial instaurado pela Delegacia Seccional de Bauru para apurar a fuga de 89 dos 161 presos da Cadeia Pública de Bauru, no dia 11 de novembro, concluiu que cinco pessoas participaram da ação. Além de dois presos que fugiram na ocasião e o ex-presidiário Douglas Rogério Reducino, a Polícia Civil apurou que Fernando César Rodrigues ajudou na ação.
Douglas Reducino, que no dia 11 já estava em liberdade, disse à polícia que Rodrigues avisou o grupo que fez o resgate, por telefone, o momento certo para agir. Em troca, segundo o ex-presidiário, o carcereiro receberia R$ 15 mil. O carcereiro chegou a ficar preso provisoriamente por cinco dias, mas foi colocado em liberdade quando o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil foi negado.
O advogado de Rodrigues, Carlos Alberto dos Rios, ouvido pelo JC na ocasião, negou a participação do seu cliente na fuga.
O carcereiro disse que estava trabalhando na Cadeia quando foi abordado por dois homens armados, que o ameaçaram e o trancaram, junto com o outro funcionário de plantão, dentro de uma das celas.
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