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17/12/01 00:00 -

Arma aumenta em 300% risco de morte

Arma aumenta em 300% risco de morte

Ieda Rodrigues
Especialista em segurança alerta que em situação de confronto, uma arma em casa pode ser usada contra o dono.


“Ter uma arma de fogo em casa, ao invés de segurança para a família, aumenta em 300% a possibilidade de suicídio para as pessoas que vivem nesta casa”. A frase é do especialista em segurança pública e armas, coronel Nilson Giraldi, detentor de 45 títulos de tiro ao alvo e de três recordes mundiais de tiro.

Giraldi, que é consultor da Polícia Militar em todo o País, aproveitando o recente episódio em que o velejador neozelandês Peter Blake foi morto ao reagir a um assalto no Macapá (Amapá), pede à população que reflita sobre o risco que uma arma representa. Para quem já tem arma, a melhor medida, aconselha, é entregá-la à polícia, aproveitando a campanha de desarmamento que está sendo realizada em Bauru e região nesta semana (leia mais nesta página).

Ele explica que numa situação de confronto com um ladrão armado, por exemplo, a vantagem nunca será da pessoa que comprou a arma para defender-se, mas sim do bandido. “O ladrão aborda a vítima já com o dedo no gatilho. Ele já está com a mira feita e a vida da vítima, para ele, não significa nada. Se a vítima reagir, ela vai morrer, como aconteceu com Peter Blake”, disse o coronel.

Nilson Giraldi, que estava no Amapá dando curso para o Exército quando o velejador neozelandês morreu, acompanhou o episódio de perto. “Fui chamado para analisar o que aconteceu com Peter Blake. A tripulação do barco de Blake disse que estava armada para enfrentar até a guerrilha colombiana, mas ele, apesar de exímio atirador, reagiu e foi morto pelos ‘ratos de praia’”, ressaltou.

O primeiro erro do velejador, na opinião do coronel Giraldi, foi ter subestimado o perigo e ter atracado distante do cais e das demais embarcações. O segundo e pior erro, completa, foi ter reagido ao ser abordado pelos ladrões. A morte de Peter Blake, que teve repercussão internacional negativa para o Brasil, deve ser analisada como exemplo de que a arma não traz segurança, na opinião do coronel.

A melhor medida para evitar ser vítima da violência, de acordo Giraldi, é adotar comportamentos seguros. Ele destaca que sacar dinheiro em caixa eletrônico à noite e namorar dentro do carro, por exemplo, são atividades de alto risco. Além de não freqüentar lugares ermos e perigosos à noite, Nilson Giraldi orienta a observar o ambiente antes de entrar em casa, à noite.

Outra dica do especialista em segurança pública é providenciar meios para reforçar a segurança de veículos e casas. “Entre uma casa com muro alto e outra com muro baixo, o ladrão prefere a com muro baixo; entre uma casa com alarme e outra sem, o ladrão, é claro, prefere a sem alarme”, explica.

Além do risco de ser morto ao reagir a um assalto, coronel Nilson Giraldi ressalta que uma arma em casa aumenta os riscos de acidentes e de suicídio. “Estamos cansados de ver casos de crianças que atiram por acidente com a arma dos pais, sem falar no risco de suicídio. Todos nós passamos pelos mais diversos problemas, de uma briga com familiares até a perda de emprego. Nessas ocasiões, em cinco minutos de bobeira, se tivermos uma arma ao alcance das mãos, aumenta o risco de suicídio”, frisa.

O coronel chama a atenção para a falsa sensação de segurança dada pela arma de fogo. Ele frisa que quem anda armado tende a achar que nada de mal vai acontecer, negligenciando o perigo. “Quem anda armado morre antes da hora”, afirma. Há dados, de acordo com Giraldi, de que no Brasil existem 800 mil armas registradas e quatro milhões de armas clandestinas.




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