Seguindo o calendário lunar e tendo como ponto de referência a data móvel da Páscoa, a Igreja inicia neste Domingo, dia 02 de dezembro, o seu novo Ano Litúrgico. Nele se celebra toda a realidade do Mistério de Cristo e de sua Igreja. Chama-se Advento o tempo que vai de hoje ao dia 24 de dezembro, como preparação espiritual para a Festa do Natal do Senhor.
Celebraremos, pois, o primeiro Advento e o primeiro Natal do novo milênio. Assim resumimos o espírito do Advento: tempo favorável (“kairós”, palavra grega usada por São Paulo) da benevolência amorosa de Deus que se encarnou e se tornou o Deus-conosco; tempo favorável de conversão e perdão, de maior exigência de amor e fraternidade, de solidariedade e justiça; tempo favorável de bênçãos e graças, copiosas como nossas chuvas de verão.
O Advento a todos conclama para a construção de um tempo novo, de melhores dias para a humanidade. É tempo de esperança, fundamentada no Cristo Senhor, no Espírito e na Palavra de Deus, na força do Reino, na presença atuante dos cristãos como “sal da terra e luz do mundo”. Da esperança devemos ser portadores e arautos neste mundo marcado por tanto pessimismo e desencanto. Cristo encarnado torna-se a esperança personificada, sustentáculo de nossas esperanças. Da esperança brota o otimismo e a certeza de que o mundo pode ser melhor, mais humano, mais fraternal e justo. Não é possível a vida sem a esperança. “E a verdadeira esperança não decepciona”, assevera o apóstolo Paulo.
O Advento vem despertar nossa tão frágil memória. O Senhor do tempo e da história dignou-se tornar criatura como nós. Assumiu a nossa natureza humana, identificando-se conosco em tudo, exceto no pecado. “E o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós”, afirma emocionado São João no prólogo de seu evangelho. Pelo Natal o Senhor entrou na história da humanidade, na história de cada um de nós.
Ele se tornou nosso Irmão-Deus, como o mais forte e sublime apelo à fraternidade universal. Nosso Irmão-Deus, companheiro de jornada e de caminhada. Certamente algo inaudito aconteceu há dois mil anos!
O Advento e o Natal nos convidam a abrir as portas de nossos corações e de nossas vidas para o Senhor e para os irmãos, sem distinção, sem discriminação, com muito amor. Não podemos ficar indiferentes e alheios diante de tudo isso: seria perder o trem da história, o trem da Graça que, todos os anos, está passando na estação de nossa vida. Esse trem só voltará no próximo ano! (Frei Lourenço M. Papin)
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