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27/11/01 00:00 -

"Palmas pra eles que eles merecem"

"Palmas pra eles que eles merecem"

Fabiano Alcântara
Expoente da geração 90 do pop rock nacional, a banda O Rappa é uma das responsáveis pela pequena revolução estética que a redescoberta dos ritmos brasileiros e o rompimento com a MPB “clássica” proporcionou.

A banda carioca, que passou sábado pela Cervejaria dos Monges, poderia ser vista como prima de Raimundos, Karnak e Chico Science & Nação Zumbi. Sob um outro ponto de vista, também assumiria parentesco com Cidade Negra e Skank, fortemente influenciadas pelo reggae na sua formação. Para fechar o círculo, seria irmã de sangue do Planet Hemp, tanto por motivos geográficos quanto musicais e ideológicos.

Esquemas conceituais, no entanto, não garantem um lugar ao sol para nenhum grupo. No terreno lamacento da fusão, que se cair na confusão vira um brejo só, O Rappa situa-se com muita particularidade. É uma banda que soa nova, com certa complexidade musical, fato raro do mundo pop atual, bonita no palco e com senso de espetáculo, fato mais comum até que deveria no mundo pop atual, e que, no palco e fora dele, faz política, atividade tão fora de moda quanto necessária.

No momento em que as utopias andam desacreditadas, o envolvimento social da banda, sem partidarismos e conversa mole panfletária, é uma redenção. Mesmo que o “engajamento” da banda tenha uma pitada de marketing - não estou falando que isso aconteça, mas não sejamos ingênuos - os projetos da banda, como quase tudo em que o terceiro setor põe a mão, dão resultado. Mais escolas, menos prisões. Citando Thaíde, mestre do rap nacional, “palmas pra eles que eles merecem”.

Do show, que teve os 2.000 ingressos disponíveis esgotados, o que fica propriamente, além da memória dos fãs comprimidos no “calor humano” da pista, é uma lição de profissionalismo da banda carioca. O bombardeio sonoro da O Rappa não aconteceria sem a preocupação técnica com o som.

Ao que parece, bandas e produtores de shows começam a se preocupar em contratar bons equipamentos e técnicos. Com isso, todo mundo sai ganhando. A casa de shows, que garante a fidelidade do público, a banda, que consegue passar seu recado sem interferências, e o público, que volta satisfeito para casa.




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