Justiça nega prisão preventiva para o carcereiro do Cadeião

O juiz Benedito Okuno, da 1.ª Vara Criminal de Bauru, negou, ontem, o pedido de prisão preventiva para o carcereiro Fernando César Rodrigues. Ele é acusado de ajudar na fuga ocorrida na Cadeia Pública de Bauru, o Cadeião, no último dia 11, quando 89 dos 161 detentos ganharam as ruas.

Como o JC adiantou na edição de ontem, Rodrigues foi colocado em liberdade no início da madrugada. Ele estava preso provisoriamente desde a semana passada e havia sido transferido para o Presídio da Polícia Civil, em São Paulo. O período de prisão provisória venceu à meia-noite de quarta-feira.

O inquérito policial instaurado pela Delegacia Seccional de Bauru para apurar a fuga no Cadeião apontou a participação de Rodrigues, de dois presos que fugiram no dia 11, sendo que um deles foi recapturado, e de um ex-presidiário que, no dia da fuga, já estava em liberdade.

O delegado corregedor Antônio Carlos Piccino Filho, que conduziu o inquérito para apurar a fuga, pediu a prisão preventiva dos quatro. O pedido de prisão preventiva para Rodrigues foi negado, mas o cartório da 1.ª Vara Criminal não informou qual a sentença do juiz quanto ao pedido de prisão dos outros três.

O ex-presidiário ouvido pela Polícia Civil, que também foi indiciado pela fuga, afirmou que Rodrigues avisou o grupo que fez o resgate, por telefone, sobre o momento certo para agir. Em troca, segundo o ex-presidiário, o carcereiro receberia R$ 15 mil. Rodrigues nega a participação na fuga e afirma que foi abordado por dois homens armados, que o ameaçaram.

Rodrigues retornou a Bauru ontem e hoje, segundo seu advogado, Carlos Alberto dos Rios, deve apresentar-se na Delegacia Seccional com um laudo médico que recomenda que seja afastado do trabalho por 60 dias. Rios reafirmou que seu cliente foi preso injustamente e que entrará com ação contra o Estado para reparação de danos morais.

Ontem, Piccino enviou ao Fórum, para ser anexado ao inquérito, o laudo da Polícia Técnica sobre o telefone de Rodrigues, apreendido no sábado. O laudo mostrou que, no dia da fuga, o celular de Rodrigues recebeu três ligações e também foi usado para fazer uma ligação, para um celular da Capital cuja propriedade está sendo investigada pela polícia.

Das três ligações recebidas pelo celular de Rodrigues, duas foram feitas de telefone público de Bauru, outra do celular encontrado com um preso que fugiu e foi recapturado.