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Funcionários devem saber se adaptar

Funcionários devem saber se adaptar

Fabiana Teófilo
O indivíduo que não consegue se adaptar ao estilo da organização certamente não ficará no local por muito tempo.


Exemplificando o surgimento de um hotel, o doutor e pós-doutor em psicologia Organizacional e do trabalho e professor de pós-graduação em psicologia, administração e engenharia de produção da Universidade Federal de Santa Catarina, José Carlos Zanelli disse que há fenômenos organizacionais.

Ele explicou que para surgir um hotel, antes de mais nada, algum dia, em algum lugar, uma ou mais pessoa começaram a idealizar o hotel, em todos os sentidos, desde o local onde ele seria construído, suas dimensões, até sua finalização e atividade. O que ocorre, de acordo com ele, é que essa organização, no caso o hotel, é criado e se torna realidade com a “cara” das pessoas que o idealizaram o empreendimento. “Se as pessoas que estiveram à frente desse projeto, tiverem características muito autoritárias, esse hotel, essa organização, terá um conjunto de coisas acontecendo ligado a esse estilo, independente se as pessoas terem características diferentes do autoritarismo”, disse.

Ele afirmou que, nesse caso, conseqüentemente, os funcionários desse hotel terão de se adaptar ao autoritarismo para estar de acordo com as exigências da empresa. “Conforme as relações são estabelecidas, desde sua origem, a vivência psicológica das pessoas dentro dessas organizações é diferente. As pessoas respondem ao modo de conduzir e se moldam a isso. Elas respondem à expectativa do empreendedor conforme seu estilo, autoritário ou não”, afirmou.

As pessoas, de acordo com Zanelli, podem ser desconfiadas, desinteressadas, indolentes, porque por trás delas há um pressuposto de desconfiança, de controle por parte dos chamados superiores. Agora se as pessoas trabalham num ambiente em que exista confiança, que elas possam participar, que elas são ouvidas, respeitadas, a vontade de se envolver, o interesse pelo melhor desempenho, é maior. Ele disse que a organização se estabelece de acordo com as interações humanas que existem dentro das organizações.

Zanelli afirmou que a vivência de uma pessoa dentro de uma organização acaba tendo uma influência em todo seu contexto de vida. “A gente pode dizer que uma pessoa autoritária, que vive sob um autoritarismo organizacional, vai transportar isso para casa dela e todo o ambiente dela e acaba moldando sua identidade a esse tipo de contexto cultural”, explicou.

Se a pessoa mudar de organização que tem outro modelo de estrutura, no mínimo, ela tem que se readaptar e isso é um processo psicológico dolorido. “Uma pessoa que sempre se conduziu de uma maneira em relação aos demais dentro de uma organização e muda para uma outra, onde o pressuposto não é mais de desconfiança e sim de confiança no outro, não é mais de desrespeito e sim de respeito. Essa pessoa vai ter que passar por uma transformação do ponto de vista psicológico e, muitas vezes, ela não agüenta”, disse. As conseqüências dessa mudança podem chegar a uma depressão individual.

Não há um único perfil ideal para todos os tipos de organizações existentes. O ideal é uma organização democrática, que depende fundamentalmente da participação das pessoas, opiniões. Nesse caso, explicou Zanelli, as decisões não são tomadas apenas na cúpula, que deve consultar o conjunto da comunidade organizacional. Essa consulta pode variar de forma. Mas é preciso avaliar o ideal para aquela organização específica porque o ideal de uma pode não ser o ideal de outra.


“Capital humano”


Zanelli destacou que, atualmente, fala-se muito na importância de se investir em “capital humano”. Nas organizações tradicionais que têm o molde autoritário é difícil convencer as pessoas de que valorizar o “capital humano” é sair dos pressupostos já determinados e saber lidar com mais respeito, saber ouvir, entre outros.

Uma pessoa que muda de organização, de acordo com Zanelli, primeiramente deve se conscientizar que o contexto mudou e depois interferir na situação. Um processo terapêutico pode funcionar para trazer a pessoa à sua consciência, dentro daquilo que compete a ela própria e dentro daquilo que compete as relações exteriores. “A readaptação não é fácil, não apenas no ambiente de trabalho, em outros ambientes, como em relações de amizade também há um impacto quando se muda de grupo. Nós vivemos dentro de um ambiente que é sistêmico, somos o meio que vivemos, uma interação do interno com o externo e eu tenho que estar consciente para lidar com essa interação”, detalhou.

Como as pessoas precisam trabalhar (e hoje cada vez mais) pelo dinheiro, elas se submetem, muitas vezes, as estilo da organização onde trabalham para se adequarem e poderem continuar com o emprego. Zanelli explicou que há pessoas que de tanto se submeterem e se amoldarem tanto, se descaracterizam, se alienizam, se despersonalizam. “A organização que valoriza o “capital humano” não quer uma pessoa alienada, ela quer uma pessoa que conserve o mínimo de indentidade, de autencidade, porque ela quer diversidade. A organização que tem pessoas participando, pulsante, é a que mais tem retorno, porque não é apenas uma pessoa pensando, ela conta com outras cabeças que pensam junto, que tem comprometimento. Hoje, as organizações precisam de diversidade e comprometimento dos funcionários. Isso é investimento”, explicou.




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