Até as 20h45 de ontem, 58 dos 89 presos resgatados da Cadeia Pública de Bauru, o Cadeião, no início da madrugada de domingo, continuavam foragidos. A caça aos presos continua. Durante o dia de ontem, entre os recapturados pela polícia e os que se apresentaram por livre e espontânea vontade, mais nove fugitivos retornaram à cadeia.
Como o JC publicou na edição de ontem, pelo menos quatro homens fortemente armados entraram no Cadeião, na madrugada de domingo, renderam o agente policial e o carcereiro de plantão. Sob ameaça de morte, o carcereiro e o agente foram obrigados a abrir todas as celas, das quais 79 maiores e dez menores fugiram. O alvo do grupo que fez o resgate seriam dois presos por tentativa de roubo (leia mais abaixo).
Ainda no domingo, a intensa busca feita em Bauru e região, que contou com apoio de um helicóptero e sete viaturas da Polícia Militar de São Paulo, sendo cinco do “Batalhão Tobias Aguiar”, a Rota, resultou na recaptura de 22 dos 89 fugitivos. Segundo o capitão Manoel Messias Mello, comandante da 7.ª Cia da PM de Bauru, os presos recapturados ontem foram localizados em bairros da cidade, nas estradas da região e um em Pederneiras.
Todos os recapturados estão sendo reconduzidos ao Cadeião, que passou a contar com uma vigilância especial feito pela Polícia Militar (veja mais nesta página). De acordo com o delegado Jáder Biazon, que responde pelo expediente da Cadeia Pública de Bauru, apesar do resgate de presos em massa no domingo, o clima ontem na unidade prisional era tranqüilo.
O resgate foi rápido e tudo indica que bem planejado. O carcereiro e o agente policial de plantão foram deixados amarrados, apenas de cuecas, dentro de uma das celas. Só não fugiram os presos que não quiseram, como o ex-prefeito Antônio Izzo Filho. Ao todo, na hora do resgate, o Cadeião, projetado para abrigar 24 pessoas, abrigava 161 detentos.
O helicóptero da PM de São Paulo, de acordo com o capitão Messias, ajudou nas buscas no período da manhã de ontem, mas retornou à Capital no início da tarde. As sete viaturas que vieram de São Paulo, enviadas pelo Comando da PM para reforçar as buscas, também retornaram à Capital. A captura continua sendo feita por viaturas do Tático-4 e do policiamento preventivo da PM.
Messias ressaltou que todas as viaturas da PM têm relação dos foragidos e a foto da maioria deles. O capitão acredita que boa parte dos foragidos esteja em Bauru e seja recapturada nos próximos dias. Ele lembrou que quase todos os presos que fugiram do Cadeião são de Bauru, devendo procurar abrigo na casa de familiares ou amigos. Por isso, o comandante da 7.ª Cia da PM pede que a população continue atenta à presença de pessoas estranhas. Em caso de suspeita, a orientação é avisar a PM através do 190.
O delegado seccional da Polícia Civil, Antônio Ângelo Ciocca, admite que a Cadeia de Bauru tem fragilidades, principalmente pelo fato de ser um prédio antigo - construído na década de 50 -, estar superlotado e estar localizado na área central da cidade. Conseguindo sair da cadeia, o preso rapidamente pode chegar ao terminal rodoviário e tomar um ônibus para outra cidade, pegar um coletivo para qualquer bairro de Bauru ou mesmo misturar-se aos transeuntes da região.
A alternativa ao Cadeião apontada pela Polícia Civil é a construção de um Centro de Detenção Provisória (CDP). Ciocca enviou requerimento solicitando um CDP para Bauru à Secretaria da Segurança Pública no início do ano. A obra já foi aprovada, mas ainda não foi incluída no orçamento do Estado.
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