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11/11/01 00:00 -

ABRAM AS COMPORTAS DO LAGO!

ABRAM AS COMPORTAS DO LAGO!

(*) José Paulo Toffano
Ambientalmente agressivo, interminável, ralo de recursos públicos, foco de problemas, rei das especulações eleitoreiras. Ei-lo. Análise fria da obra: qual a finalidade do lago? Lazer para a população menos favorecida? Quanto gastaremos? É viável ou teremos que enchê-lo apenas ocasionalmente? O meu ponto de vista está bem claro em relação ao lago. É típico exemplo de má utilização de recursos públicos por ignorância. Digo ignorância no sentido literal, não-pejorativo da palavra. Idealizadores ignoraram informações técnicas e sequer tiveram a humildade de consultar ambientalistas ou mesmo partidos mais alinhados com este tipo de informação por um único motivo: o medo de serem obrigados a “cair na real” e perceberem que tudo não passara de um sonho num tempo em que esbanjar recursos e agredir o meio ambiente eram atos aceitáveis. De volta do sonho, já viramos o milênio, o mundo (não apenas o País) encara uma situação de pobreza não vista em tempos recentes. A má distribuição de renda apimenta o molho do caldeirão, prestes a explodir. A única economia “seguramente” próspera do mundo parecia ser a americana.

Sinto muito. Não é hora de fazer laguinho. É hora de educar. Vamos precisar de um tremendo esforço para conseguir encarar os novos problemas que já começam a surgir, muitos em conseqüência da escassez de alguns recursos naturais. Basta observarmos os constantes aumentos no preço do barril de petróleo e suas funestas conseqüências em nossa economia. Observemos também os sucessivos tarifaços nas contas de energia. Tanto dinheiro aplicado num lago. No começo até acreditávamos que havia sido feito algum estudo e que as condições eram favoráveis (nesse nós me incluo também, pois não sou um técnico, mas sim mero cidadão jauense). Por ocasião de seu primeiro assoreamento, ovalamento de uma das pistas da Avenida Netinho Prado, e conseqüente esvaziamento percebemos sua finalidade última: não era o lazer, era o voto.

Para o lazer tínhamos no mínimo duas opções mais inteligentes (e infinitamente mais baratas): O kartódromo muncipal e suas proximidades, que já haviam sido eleitos voluntariamente pela população jauense; e a Praça do Museu Municipal, que ficou numa situação de total abandono. No coração de Jaú. Por “sorte” deram uma finalidade a ela de uns tempos para cá: virou estacionamento dos automóveis das faculdades. Com pouco dinheiro e algum bom senso transformaríamos os citados locais em tudo que o Lago do Silvério se propõe, exceto o lago em si, que no fundo traz muito mais beleza que interatividade. É como aquele brinquedo eletrônico caríssimo que ganhamos e apenas invertemos a chave comutadora para que ele brinque sozinho e nós ficamos parados, olhando até abandoná-lo pelo velho carrinho que “podemos” empurrar. Concha acústica, pista de caminhada, contato com as árvores, pessoas qualificadas medindo batimentos cardíacos e indicando exercícios, aulões ao ar livre, concertos musicais (Jaú seguramente é a capital das bandas de rock e MPB, agora com uma Orquestra Experimental fantástica). É sabido de todos que a pesca no lago, os pedalinhos e as outras “interatividades” são ilusórias. Ele já sofre o processo de assoreamento e representa um ralo para as já magras contas públicas. Números absurdos para a manutenção do lago nos chegam aos ouvidos.

Abram as comportas do lago! Vamos construir lá um grande bosque com trilhas e árvores nativas. Vamos fazer daquele local uma referência de ensino interdisciplinar. Ao invés de gastarmos dinheiro com a manutenção do “ovo quente”, treinemos professores e educadores para oferecerem aulas de Educação Ambiental e Cidadania para todas as escolas de Jaú, principalmente as públicas. Engagemos empresas particulares no processo. Coloquemos ônibus a disposição dessas escolas. Convidemos professores de faculdades de ecologia, engenharia florestal, direito ambiental, biologia, e muitos outros com conhecimento prático para participar do projeto. Garanto que conseguiríamos inclusive muita ajuda voluntária, sem qualquer prejuízo aos cofres públicos. Além do mais, o custo de manutenção do elefante branco, ao que tudo indica, pagaria todos estes projetos e permitiria ainda subsídio para atividades culturais de cunho popular.

(*) José Paulo Toffano - RG 19 424 822 - SSP/ SP




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