• VEXAME NAS ALTURAS
O caderno de esportes do Diário de São Paulo disse tudo no título da primeira página: “Faltou ar, técnico e futebol”. Pois é, o sofrimento não acabou. A massa torcedora chegou a ter a sensação da classificação para a Copa do Mundo no gol de Edílson, mas os milhões de telespectadores acabaram vendo a Seleção ser dominada até sofrer a virada e deixar La Paz com uma merecida derrota. O Brasil não jogou nada, enquanto a Bolívia foi melhor, fez a lição de casa. Certeza do alívio, agora, só com uma vitória sobre a Venezuela na próxima quarta-feira. A galera sofreu desde o primeiro minuto. Talvez faltasse ar, talvez faltasse organização. O fato é que a defesa brasileira dava espaços, a marcação era frouxa. Quando Edílson acertou um lindo chute no ângulo de Soria, a torcida brasileira viveu uma situação desconhecida desde o início do calvário que viraram as Eliminatórias: por alguns instantes, a vaga no Mundial esteve garantida. Mas o placar, que não refletia a verdade do jogo, durou só 16 minutos. A bem da verdade, o empate só apareceu graças a um erro grotesco - e não uma infelicidade, como disse Galvão Bueno - de Juan, que dominou mal a bola, escorregou e deixou Líder Paz livre para fazer o gol. No segundo tempo, nossa Seleção já era uma equipe acuada. Faltava futebol e gás para os nossos atletas, mas Felipão demorou para mexer no time, enquanto o técnico boliviano fez as alterações na hora certa. A Bolívia perdia chances claras, até que Baldivieso acertou o chute que ninguém imaginava. Uma falta, com cara de cruzamento, enganou Marcos, que estava adiantado. Os brasileiros não atacavam e a Bolívia perdia um gol atrás do outro. Quem ainda sonhava com o empate teve que ver Cafu se precipitar e fazer pênalti que decretou o golpe de misericórdia: 3 a 1.
• GRANDE VILÃ
Nem o fato de jogar com três zagueiros impediu que a Seleção levasse um baile da Bolívia. E nesta derrota a defesa do Brasil teve uma boa parcela de culpa, uma vez que Juan escorregou no primeiro gol, Marcos foi encoberto no segundo gol e Cafu fez um pênalti desnecessário no terceiro gol. Mas os demais setores também falharam. Rivaldo foi a pior das decepções. Apenas Edílson e Serginho salvaram-se da mediocridade. Após tantas falhas a altitude foi considerada a grande vilã. • ÚLTIMA CHANCE
Antes da partida contra a Bolívia o discurso dos jogadores da Seleção Brasileira era o de que a vitória seria fundamental para a classificação. O Brasil voltou de La Paz com uma derrota e se prepara para enfrentar a Venezuela, mas o discurso continua o mesmo, com o agravante de que esta é a última chance da vaga para o Mundial chegar sem a repescagem. Disputar a vaga para a Copa na última rodada das Eliminatórias, e contra a Venezuela, comprova a decadência do futebol de um país que já ganhou um tetra. Mas tem um porém: a Venezuela não é mais aquela moleza de antes. É claro que o time de Scolari é limitado, mas alterações precisam ser feitas para o “jogo crucial” de quarta-feira. Dida e Luizão precisam sem escalados, mesmo com uma perna só.
• TREINADOR
Vi o jogo na casa do Pedro Macéa, que considera Luiz Felipe Scolari um “animador”. “A Seleção vai se classificar para a Copa, mas depois do jogo contra a Venezuela, precisa arranjar outro técnico. Se Felipão não pedir demissão, a CBF terá que demiti-lo. Felipão está mais para animador de programa de auditório do que para treinador”, disse o presidente do BAC e ex-secretário de Esportes do município. Para mim, Scolari faz na equipe nacional, um trabalho pior do na época de Luxemburgo e Leão. Segundo o tricampeão mundial Paulo César Caju, Felipão é um atraso para a Seleção e para o futebol brasileiro, porque manda bater e parar jogadas com pontapé - além de adotar esquema defensivo, acrescento. Não temos bons jogadores, mas Scolari tem deixado a desejar e precisa sair. Sobraram apenas Oswaldo de Oliveira (Fluminense) e Tite (Grêmio), mas acho que a CBF poderá correr atrás do Parreira.
• ATO/RECEIO
O deputado federal Pedro Celso (PT/DF) que foi sub-relator da CPI do Futebol na Câmara, promoverá uma manifestação denominada “ato em defesa do futebol”. Seu objetivo é chamar a atenção para a importância do desfecho da CPI do Senado. Pedro Celso deve estar com muito receio de que no Senado, a Comissão Parlamentar de Inquérito siga o exemplo do que ocorreu na CPI da Câmara, que não deu em nada e não puniu ninguém.
• TIMÃO DANÇA
O Vasco venceu ontem à tarde por 1 a 0, manteve suas pequenas esperanças de conseguir a classificação para a próxima fase do Campeonato Brasileiro, e despachou o Corinthians. O time de São Januário agora soma 29 pontos, enquanto o Alvinegro permanece com 27 e vai brigar apenas para acabar numa posição compatível com a sua tradição.
• PROCESSO
Marcelinho Carioca está sendo processado novamente pelo Corinthians devido à quebra de contrato de direito de imagem com o Timão e de sua transferência para o Santos.
• MEMÓRIA
Campeonato Paulista de 1988: Noroeste 1 x Portuguesa 1, em Bauru. Jorginho abriu o placar e Vítor Hugo empatou para o Norusca. Árbitro: Almir Laguna. Público pagante: 6.419. Noroeste: Rogério; Fonseca, Vítor Hugo, Edson Mariano e Laércio; China, Zimmerman e Lívio (Reginaldo); Américo (Serginho), Ronaldo Marques e Baroninho. Portuguesa: Valdir Peres; China, Mauro Ramos, Eduardo e Luciano; Márcio Araújo, Zenon (Machado) e Edu Marangon; Jorginho, Toninho e Esquerdinh (Mathias).
• SAUDADE
O ex-pugilista Ralph Zumbano morreu ontem aos 76 anos. Ralph participou da primeira equipe olímpica de boxe brasileira, em 1948, em Londres, e foi campeão paulista, brasileiro e sul-americano dos pesos leves. Como técnico, lançou Adilson “Maguila” Rodrigues.
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