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Fé leva milhares a túmulos de famosos

Fé leva milhares a túmulos de famosos

Gilmar Dias
Cemitério da Saudade, o primeiro a ser instalado no Município, continua sendo o mais visitado da cidade no Dia de Finados

A fé continua levando milhares de pessoas a visitar os túmulos de personagens famosos da história de Bauru. Ontem, feriado de Finados, não foi diferente. A movimentação no Cemitério da Saudade - o primeiro a ser instalado no Município - começou cedo. É nele que estão enterradas pessoas que marcaram o passado da cidade e que, ao longo do tempo, foram eternizadas por atender a pedidos de fiéis.

O túmulo da garota Mara Lúcia Vieira - morta no dia 15 de novembro de 1970, com nove anos de idade - continua sendo um dos mais visitados. Velas, rezas, bilhetes, flores, fotos são levados pelos que necessitam de alguma graça. É o caso do ferroviário aposentado Salvador Garcia Faverão, vítima de anemia.

Ele ressalta, no entanto, que visita o túmulo de Mara Lúcia mesmo antes de contrair a doença. “Venho aqui desde quando ela foi morta”, conta. Sua mulher, Tereza Ferrari Faverão, explicou, no entanto, que a visita deste ano ao túmulo foi feita com a intenção de pedir a graça. “E acreditamos e temos fé que seremos atendidos”, diz com convicção.

Outro jazigo muito visitado é o da Mãe Preta, cuja história é desconhecida e pouco se sabe dos motivos que a tornaram famosa como milagreira. O agricultor aposentado João Rosa de Oliveira Filho é devoto da morta. “Venho todos os anos e acendo uma vela”, relata. Ele desconhece porque Mãe Preta ganhou fama. “Só sei que ela é famosa há muitos anos.”

O túmulo da prostituta Josefina Nunes - morta em 20 de maio de 1922 - e o de sua mãe, Maria Nunes - cuja morte ocorreu em 1917 - também é outro que recebe centenas de visitantes. A dona de casa Olanda Dadamos Genovez comparece todos os anos ao túmulo que abriga os restos mortais de Josefina e Maria. “Já consegui uma graça”, confessa.

A história da morte de Josefina é cercada de lances envolvendo o conservadorismo da época, inclusive da Igreja Católica. O então padre Francisco Wan der Maas, da Catedral Divino Espírito Santo, se negou a encomendar o corpo da prostituta e criou polêmica na cidade.

Segundo o historiador Gabriel Ruiz Pelegrina, os bauruenses ficaram divididos no episódio. Uma semana após a morte de Josefina, um grupo de prostitutas inconformadas com a situação perseguiu o padre pelas ruas da cidade, que precisou de um bom fôlego para escapar da fúria das chamadas “mulheres da vida”.

Solitário

Embora seja o túmulo número um do Cemitério da Saudade, o jazigo do tenente coronel João Henrique Dix, servidor da Guarda Nacional, praticamente passou desapercebido pela maioria dos visitantes. Poucas pessoas reverenciaram os restos mortais daquele que foi responsável pela doação de uma boa parte da área do cemitério.

Além de oficial, João Henrique foi proprietário do Hotel Dix, que se localizava na quadra oito da rua Araújo Leite. Ele se matou no dia 26 de julho de 1908. Na época, comentou-se que sua morte estava ligada a motivos passionais. O oficial foi o primeiro morto a ser sepultado no Cemitério da Saudade. Não procede a informação de que ele teria se matado simplesmente para assegurar que seria o primeiro a ser enterrado na necrópole.






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