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Samira Brandão: mitológica e xamanística

Samira Brandão: mitológica e xamanística

Redação
A atriz apresenta hoje, no Sesc, a performance "Fragmentus", em que utiliza elementos da dança pessoal e contemporânea e o "work in progress".

A atriz bauruense Samira Brandão apresenta hoje, às 20 horas, no Sesc, a performance “Fragmentus”. A apresentação dá continuidade ao projeto Tubo de Ensaio, que visa levar ao palco trabalhos experimentais na área das artes cênicas.

“Fragmentus” é uma apresentação de 30 minutos, baseada nos estudos da atriz sobre o “work in progress” na cena contemporânea, no qual as linguagens da dança pessoal e do “body art” se misturam.

A cena é compartilhada com o espectador, já que a característica primordial desse tipo de espetáculo é justamente o trabalho em andamento, que se modifica ao longo do tempo, conforme o amadurecimento do artista.

Segundo a atriz, o receptor da performance não é aquele que contempla. Daí a possibilidade de apresentação em lugares alternativos, pois a performance rompe com o culto do ambiente teatral, trabalhando especificamente com mitos e arquétipos.


Estudos


Os estudos e práticas performáticas de Samira Brandão são baseados em seu orientador de pesquisa, Renato Cohen (autor de “Performance como Linguagem” - Edusp - e “Work-in-progress na Cena Contemporânea” - Ed. Perspectiva).

O processo de criação das cenas traz à tona os estudos da atriz sobre as técnicas de teatro físico e de dança pessoal, elaborados por Jerzy Grotowsky, diretor polonês que buscava o impulso puro, o gesto significativo, e procurava a expressão genuína do artista: “seu modo único de dançar, suas forças interiores e seus ancestrais”, segundo Samira.


Fragmentos


A apresentação se divide em três fragmentos de performance, aparentemente sem conexão: “Escombros”, “A Serpente” e “Vozes Ancestrais”.

A primeira cena é uma leitura dos ritos de passagem e da incapacidade do homem de entendê-los. A atriz trabalha em cena a dança da morte e do renascimento.

Já a segunda, a dança “A Serpente”, é resutlado das vivências da atriz em processos de criação com o suporte dos rituais xamanísticos. Em suas palavras, é a “apresentação da ‘persona arquetípica’, da mitologia pessoal e dos animais de poder do artista trabalhados em cena”.

A última cena, “Vozes Ancestrais”, trabalha elementos da poética de Vélimir Khébnikov, poeta futurista russo (1885-1922), autor da peça “KA - a Sombra da Alma”, já apresentada pela atriz em Campinas e São Paulo.

Nesta, há o corpo trabalhado com a pintura corporal, os sons da língua “transmental” (linguagem “zaum” criada por Khébnikov, no início do século 20) e de excertos de um antigo epitáfio egípcio.

A língua zaum foi uma tentativa do poeta russo (considerado um dos maiores da modernidade, precursor do “noveau oman” de Joyce) de conjugar todas as línguas humanas numa só, uma língua mágica, em que se superpõem as sonoridades, os fonismos, a natureza e imaginário.

Em “Fragmentus”, concebido e encenado por Samira, a criação da trilha sonora é de Rogério Offerni, gravada por Neimar Miguel Neme. Figurinos e “body art” de Marina Reis e peruca de Benê Carneiro.


A atriz


A bauruense Samira Brandão, 24 anos, é formada em Artes Cênicas pela Unicamp. Na cidade, estudou com o diretor Paulo Neves. Seguiu as áreas de performance e teatro físico, na quais se baseiam suas pesquisas.

Foi integrante do grupo K, formado por estudantes da Unicamp e pelo diretor Renato Cohen. Nos espetáculos, esse grupo mesclava exercícios de rituais xamanísticos e mitologia com linguagem “web”.


Serviço

Performance “Fragmentus”, com Samira Brandão, hoje, 20h, na área de convivência do Sesc. Grátis. Av. Aureliano Cardia, 6-71 / tel. 235-1750.




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