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Idosos são presas fáceis de golpistas

Idosos são presas fáceis de golpistas

Rita de C. Cornélio
O conto do bilhete premiado, apesar de antigo, é bastante comum e rendeu R$ 48 mil a estelionatários recentemente

Na semana retrasada, estelionatários levaram mais de R$ 48 mil de moradores de Bauru. Os golpes variaram bastante, mas o público alvo não. A maioria das ocorrências teve como vítimas pessoas com idade acima de 60 anos, especialmente do sexo feminino e estrangeiros que se expressam mal na Língua Portuguesa. O “conto” do bilhete premiado, apesar de antigo e muito manjado, é o mais comum e continua rendendo. A ganância da vítima somada à esperteza e à boa lábia dos estelionatários é a receita do sucesso do golpe.

Outros métodos ilícitos de ganho fácil, como a troca do cartão magnético, o resíduo do pecúlio e a venda de carros por preços abaixo dos praticados no mercado, também têm aparecido, embora os crimes dessa natureza sejam considerados sazonais pela polícia. As quadrilhas atacam em determinada época do ano e desaparecem.

O mais curioso no estelionato é a necessidade de colaboração da vítima, segundo frisa o delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), J.J. Cardia. “A vítima ajuda na consumação do crime e prejudica o esclarecimento. Isso porque, sem que haja a cooperação, o golpe não se concretiza. Após perceber que foi lograda, a vítima sente-se envergonhada e demora para registrar o fato na polícia, o que ajuda o estelionatário, dando tempo para que ele deixe a cidade sem ser identificado”, elucidou.

Quando a vítima é idosa, a família é a primeira a ser comunicada. “Eles procuram alguém de confiança da família para contar. Não querem que todos fiquem sabendo porque temem ficar com a pecha de otário. Às vezes, a vítima demora até dois dias para contar para alguém e até três, para procurar a polícia”, salientou Cardia.

Faltam provas

Os golpes que levam a pessoa a perder dinheiro são mais difíceis de serem esclarecidos, pois envolvem bem “fugível”, o dinheiro. Além do mais, a “turnê” dos golpistas é longa e ultrapassa as fronteiras estaduais. “Quando percebem a polícia no seu rastro, os estelionatários que atuam em São Paulo vão para outro Estado. Eles dão uma pausa por um determinado tempo e depois retornam. É uma estratégia para despistar a polícia. Estamos formando um arquivo fotográfico para facilitar o reconhecimento. Temos algumas fotos de estelionatários de Bauru e Ribeirão Preto”, informou o delegado J.J.Cardia.

O passo a passo de golpes mais comuns

Um dos mais antigos golpes da praça, o “conto do bilhete premiado” tem atingindo apostadores da Loto, Mega-Sena, Lotomania e Loteria Federal. O método de ação dos estelionatários não muda muito, contando sempre com a participação de dois golpistas.

O primeiro aborda a vítima e, com o bilhete na mão, diz que foi premiado e que está com dificuldades para receber o dinheiro. O bilhete, sempre adulterado, é levado até uma casa lotérica, onde a vítima constata que realmente se trata de um número premiado. O comparsa aparece de repente, demonstrando interesse em comprar o bilhete, reforçando a mentira. Na verdade, o “teatro” encenado pela dupla faz parte da estratégia de convencimento.

A vítima, convicta de que se sairá bem, se antecipa em pagar pelo bilhete, mas logo depois, ao tentar resgatar o prêmio na lotérica, sofre a dura decepção de saber que foi enganada. Em Bauru, algumas pessoas chegaram a perder mais de R$ 20 mil na compra.

Pecúlio ou seguro

É aplicado contra ex-clientes de empresas de pecúlio ou seguro falidas, cujos cadastros e dados a quadrilha possui - não se sabe como. Um dos estelionatários telefona para a vítima apresentando-se como advogado que conseguiu ganhar uma causa em favor dos segurados. Como de praxe, usa a lábia para desfiar toda uma história conexa, dizendo, por fim, que a vítima tem direito a receber uma grande quantia em dinheiro, hoje geralmente entre R$ 30 mil a R$ 50 mil.

Para receber o dinheiro, orienta o falso causídico, a vítima tem que fazer o depósito dos honorários, quase sempre fixados em 10% do valor total. Para dar garantia de que não se trata de um golpe, o estelionatário promete fazer o depósito da indenização, em cheque a ser desbloqueado, assim que os honorários forem pagos - sempre através de conta bancária.

A vítima corre verificar o extrato bancário e se certifica do depósito a ser compensado em sua conta. É o que basta para pagar os honorários. Passados alguns dias, descobre que o cheque depositado em seu favor é produto de furto, ou seja, sem validade nenhuma. Tarde demais para recuperar o que pagou de boa-fé ao golpista.

Troca de cartões

Um homem ou uma mulher jovem, bem vestidos, procuram o idoso em casa. Geralmente se apresentam como advogados ou funcionários de um determinado banco. Dizem que foram até aquela residência para fazer a troca dos cartões de recebimento. O idoso, ingenuamente, entrega o cartão e a senha para o desconhecido, achando que poderá pegar um novo.

Depois de alguns dias, a vítima vai ao banco buscar seu novo cartão e constata que a pessoa não era funcionário do banco e que sua conta bancária está zerada.




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