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Fundador dá destaque ao pioneirismo

Fundador dá destaque ao pioneirismo

Gustavo Cândido
O fundador da Sorri, Thomas Frist, lembra que a entidade foi fundada para auxiliar a integração dos hansenianos

Jornal da Cidade - Como surgiu a idéia de fundar a Sorri?
Thomas Ferran Frist -
Eu cheguei ao Brasil em 1974 para fazer uma pesquisa sobre os obstáculos que impediam a integração da pessoa com hanseníase na sociedade. Nessa pequisa, de dois anos, que tinha o apoio das Nações Unidas, nós fizemos um plano de ação que se chamava Pro-Rehab, que envolvia o Hospital Lauro de Souza Lima e as secretarias de Saúde e Seviço Social e, dentro desse plano, havia a criação de uma entidade para ajudar as pessoas com hanseníase a se integrar à sociedade. Daí surgiu a Sorri, que desde o início se propôs a reabilitar profissionalmente as pessoas com deficiência.

JC - Quando a Sorri foi criada não havia nenhuma entidade parecida?
Frist -
Havia algumas entidades internacionais que faziam a reabilitação profissional de pessoas deficientes, mas nunca com a filosofia de integração, Naquela época, as pessoas com hanseníase eram todas afastadas. A Sorri foi pioneira em vários aspectos porque naquela época não havia nada de reabilitação profissional no País. Também por causa da integração, de ser um lugar com deficientes auditivos, mentais, físicos, pessoas incapacitadas por hanseníase, todos juntos num mesmo lugar. Até aquela época era tudo separado. A Sorri ajudou muito o Hospital Lauro de Souza Lima a desenvolver a sua equipe de reabilitação e o Hospital também nos ajudou muito. Nós ainda fomos pioneiros por termos a meta de ter pessoas com deficiência na nossa própria orientação e integração e porque ajudamos a criar várias entidades nacionais de pessoas com deficiência. O Movimento para Reintegração de Pessoas Afetadas por Hanseníase (Morhan), que hoje tem mais de 50 núcleos em todo o Brasil e um membro no Conselho de Saúde do Ministério, foi criado na Sorri. A Sorri também ajudou a criar o Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes, a Coalização Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes, entre outros. O Morhan acabou gerando uma entidade internacional que se chama Idea e que tem as mesmas metas. A Sorri ainda foi a primeira a criar um curso de nível superior no Brasil para o treinamento de conselheiros de reabilitação, que foi um convênio com a Fundação Educacional de Bauru.

JC - Como a Sorri se mantinha no começo?
Frist -
A Sorri naquela época tinha um bom nível de auto-suficiência porque fabricava cadeira de rodas, calçados, roupas... Isso cobria 70% dos nossos gastos, além disso havia alguma ajuda de fora. Hoje é diferente e a Sorri precisa de ajuda. É um sofrimento muito grande, uma luta enorme para a Sorri sobreviver. Mas é importante que a sociedade não veja o deficiente como pedinte. Ele é uma pessoa que tem coisas para oferecer, então a entidade tem que ter muito cuidado com a imagem. Por outro lado, a entidade, a Sorri, precisa de ajuda, de subcontratos, de ajuda do Governo, porque faz um trabalho espetacular do qual eu me orgulho muito de um dia ter participado. Hoje estou afastado porque voltei para os Estados Unidos. Mas venho de vez em quando porque amo as pessoas que estão aqui.

JC - Quando foi criada a Sorri-Brasil?
Frist -
Foi criada em 1985 com a mesma filosofia (da Sorri-Bauru) porque nós estávamos recebendo muitos pedidos de outras cidades. Naquela época, muita gente nos visitava porque vinha conhecer o Lauro de Souza Lima. Quando voltavam para suas cidades, elas ficavam pensando na integração e na reabilitação sócio-econômica dos portadores de hanseníase porque aquilo não acontecia em lugar nenhum. A Sorri tinha um impacto muito grande em todos os lugares.

JC - Em que cidades a Sorri está presente hoje?
Frist -
Sorocaba, Campinas, São José dos Campos e Parauapebas. Logo vamos estar também em Holambra, São Sebastião e Salvador. A sede é em São Paulo mas todas as unidades são independentes.

JC - A Sorri é conhecida fora do Brasil?
Frist -
É. A Sorri-Bauru e a Sorri-Brasil ganharam, no ao passado, o prêmio dos Melhores do Ano e também um prêmio da Unicef. O trabalho da Sorri é reconhecido no Brasil e também fora. Recentemente fiquei sabendo que a Sorri também pode concorrer a um prêmio internacional muito importante, chamado Hilton. Muitas entidades concordam, mas não sei se vai ganhar. Ser nomeada já seria uma honra.




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