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Cursos menos atrativos realizam sonhos

Cursos menos atrativos realizam sonhos

Redação
Sem priorizar retorno financeiro, muitos jovens realizam sonhos optando por cursos menos “atrativos”, que lhes dão prazer

Apesar de exercer forte influência sobre diversos setores da sociedade, o dinheiro nem sempre dita as regras no momento da escolha da profissão. Enquanto muitos jovens estudam temendo a alta concorrência no vestibular dos cursos escolhidos, outros aguardam com mais tranqüilidade as provas, por terem optado por carreiras menos atrativas financeiramente e não tão disputadas.

O JC conversou com vestibulandos e universitários que escolheram as carreiras menos “atrativas” e que afirmam que, acima de tudo, está o sonho de satisfazer-se plenamente no trabalho, ainda que sem muito retorno financeiro.

Aparentemente nadando contra a maré, o universitário André Lanzoni, que cursa o segundo ano do curso de Matemática da Universidade Estadual Paulista (Unesp), conta que sua escolha foi baseada no sonho de ser professor. Ele está trabalhando atualmente como professor de Matemática em escolas particulares e afirma estar satisfeito com a profissão. “Eu gosto muito de dar aula, mesmo sabendo das dificuldades em termos financeiros”, disse.

A possibilidade de educar e contribuir para a formação de opiniões é um dos fascínios que a profissão exerce sobre Lanzoni. “O educador é que transforma. Se educar é um sonho, vale a pena correr atrás disso”, acredita.

Apesar dessa convicção, o universitário afirma que a relação candidato/vaga nas provas de vestibular ainda norteia muitas escolhas profissionais. “Muitos trocam de opção pela necessidade de ter que entrar num curso universitário rapidamente e por não terem condições de se preparar mais”, expõe.

É o caso de Carolina Bioni Garcia, que está no terceiro ano do curso de Biologia da Unesp de Bauru e, no início, sonhava em cursar Medicina. A alta concorrência dos vestibulares para os cursos de Medicina e o tempo que ela levaria preparando-se para conseguir uma vaga foram determinantes na mudança de opção. “Se eu fosse prestar Medicina, passaria muito tempo estudando”, pontua.

Embora tenha mudado de opção, Carolina garante que está gostando do curso e acredita que irá se satisfazer profissionalmente.

Já Saymon Moreno Abreu e Douglas Rodrigues Martins, que também estão cursando o terceiro ano de Biologia na Unesp, fizeram a opção por puro fascínio pela pesquisa e pelo ensino. Os universitários acreditam que se realizarão profissionalmente, seguindo carreira acadêmica. “O retorno financeiro não deve ser a aspiração de quem escolhe Biologia. Tem que gostar muito de ensinar e de pesquisar”, frisa Saymon.

Contraponto

Tiago Martins de Oliveira iniciou o curso de Matemática em São Carlos, na Universidade de São Paulo (USP), e desistiu porque, apesar de gostar do conteúdo, não pretendia dar aula nem seguir carreira acadêmica. Atualmente, cursa o quarto ano de Engenharia Elétrica na Unesp de Bauru. “Busquei um campo de trabalho mais abrangente. Com a crise de energia, o mercado para Engenharia Elétrica é promissor. É um curso que está sempre na moda”, argumenta.

Por outro lado, Douglas Futata Okumura também está no quarto ano de Engenharia Elétrica na Unesp e conta que não tem muita afinidade com a área de Exatas. Ele ainda não sabe o que pretende seguir quando terminar a faculdade. “Na época em que eu prestei vestibular, eu não sabia o que era Engenharia Elétrica”, diz.

O vestibulando Luís Borges Júnior pretende cursar Medicina porque se identifica com a área desde pequeno. Ele conta que está tentando uma vaga pelo quarto ano consecutivo e, apesar da concorrência, não pretende desistir. “Tem muitos que prestam qualquer curso para passar logo; outros preferem a concorrência pelo status”, conta.

Status

A psicóloga Francesli Amos de Deus Machado afirma que, ainda que estudantes e profissionais se dediquem ao sonho de sua vida sem priorizar o retorno financeiro, o dinheiro atualmente é uma grande preocupação dos jovens. “A preocupação é muito grande”, enfatiza.

A psicóloga destaca a importância do status social na cabeça do jovem que opta por uma carreira. Nesse aspecto, os modelos buscados na família ou em pessoas conhecidas interferem significativamente na escolha. “Eles procuram esse modelo para seguir a carreira”, afirma.

Muitos jovens, de acordo com a psicóloga, chegam a reconhecer que não fizeram a opção ideal e, no entanto, não se acomodam e seguem até a conclusão do curso, ingressando no mercado de trabalho ainda com dúvidas. “Vira comodismo pelo fato deles estarem já estabilizados”, agrava.




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