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Mercado preocupa calçadistas de Jaú

Mercado preocupa calçadistas de Jaú

Adilson Camargo
Além das vendas ainda abaixo das expectativas, o público consumidor, na maioria mulheres, ficou mais exigente

Jaú - Empresas do setor calçadista de Jaú estão trabalhando abaixo da capacidade de produção e isso tem preocupado os empresários. A informação é do presidente do Sindicato da Indústria de Calçados, Angelo José Soave, que cita ainda outra fonte de preocupação para os produtores calçadistas: os clientes. De acordo com o presidente, não bastassem as vendas ainda inexpressivas da coleção primavera-verão - recém-lançadas -, os empresários têm também que atender as novas e maiores exigências de seus clientes, que mudaram um pouco de comportamento na hora de fazer o pedido.

Essa tendência, segundo Soave, vem sendo verificada de uns tempos para cá e parece que veio para ficar. Ele lembra que 20 anos atrás as empresas produziam um modelo de sapato a cada seis meses. Hoje, no entanto, seria preciso apresentar algo novo todos os meses. “De um modo geral, as empresas trabalham com quatro ou cinco linhas de sapato, com até 15 modelos diferentes em cada uma delas. Toda essa variedade é colocada à disposição dos clientes e as indústrias têm de estar preparadas para atender os pedidos, sem atrasos”, disse.

Com essas novas exigências dos compradores, as empresas estão sendo pressionadas a trabalhar com mais rapidez na troca de modelagem. Aquelas que ficarem à margem dessa mudança estariam correndo um sério risco de perder espaço para as mais dinâmicas.

Esse dinamismo, entretanto, teria seu lado negativo na visão do presidente do sindicato. “A constante variação (de modelos) atrapalha as indústrias.” Para Soave, o ideal para as empresas é trabalhar com poucos modelos de sapatos, de preferência apenas um único modelo.

De acordo com seu raciocínio, ao trabalhar com o mesmo modelo, por um período mais prolongado, o empregado estaria desenvolvendo uma agilidade que posteriormente iria refletir em um aumento na produção. As variações, ao contrário, estariam “freiando” a produtividade dos funcionários. “Isso (produzir poucos modelos de sapato) seria o ideal, mas não é assim que funciona”, admitiu, para afirmar logo em seguida que as indústrias de Jaú estariam plenamente capacitadas para atender as novas exigências do mercado consumidor.

Vendas estão abaixo do estimado para período

Historicamente, nessa época do ano as empresas calçadistas apresentam um salto na produção e chegam a ocupar, em média, no caso de Jaú, 85% da capacidade produtiva. Mas, segundo Soave, não é bem isso que vem ocorrendo em algumas fábricas.

“O mercado ainda não está aquecido. Talvez em razão das condições climáticas (chuva e um clima ainda ameno, que estariam dificultando a venda de sandálias) ou do baixo poder aquisitivo do consumidor. Provavelmente, essa retração não dure por muito mais tempo.” O presidente fundamenta sua aposta na chegada de dias mais quentes, quando a venda de calçados abertos aumentam.

“As empresas tiveram o mesmo problema nos dois anos anteriores. Por isso, temos a convicção de que as vendas vão crescer.” A estimativa do sindicato é de uma produção 10% maior do que a do ano passado.

Jaú tem hoje 140 indústrias produtoras de calçados. Juntas produzem, em média, cerca de 50 mil pares de calçados por dia. Desse total, quase tudo é consumido pelo mercado interno. De acordo com o sindicato, 98% de tudo que as indústrias produzem é vendido para varejistas brasileiros.

Dentro do País, o Estado de São Paulo é o maior consumidor, que fica com, aproximadamente, 70% da produção jauense. A exportação, segundo Soave, ainda é inexpressiva.

A indústria calçadista emprega atualmente cerca de nove mil pessoas, de acordo com o sindicato. Desse total, cinco mil seriam empregos diretos e quatro mil indiretos, proporcionados por empresas que fornecem materiais como palmilha, salto e forro sintético, às empresas de calçados.




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