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A companhia se apresenta hoje, no Sesc-Bauru. São 30 anos sob a direção de Marika Gidali. Ontem, os bailarinos apresentaram o espetáculo "Coisas do Brasil", na Praça Rui Barbosa.

A companhia se apresenta hoje, no Sesc-Bauru. São 30 anos sob a direção de Marika Gidali. Ontem, os bailarinos apresentaram o espetáculo "Coisas do Brasil", na Praça Rui Barbosa.

Ricardo Santana
Cia. de Ballet Stagium apresenta espetáculo hoje, no Sesc Bauru, comemorando 30 anos de atividades.

A Companhia de Ballet Stagium, completa 30 anos sob direção de Marika Gidali. Uma referência na dança contemporânea, que expandiu a atuação do grupo artístico muito além do que a arte puramente feita para espetáculos pode alcançar. Obviamente, que a via escolhida por Gidali é de mão dupla.

Dos palcos para o trabalho social com adolescentes internos da Febem, nada deixa de ter a criatividade de Marika Gidali. Rigorosa com a atuação do grupo, cultiva as potencialidades do ser humano.

Agora mesmo, está envolvida com uma reflexão a respeito da violência, as diversas que circundam a sociedade do século 21. Sua meta é discutir a questão social amplamente, mas de um ponto de vista bem palpável. Isolamento dos garotos na Febem. Assim, o Stagium propõe a coreografia “À Margem do Trilhos”, que será apresentada hoje, às 21 horas, no Sesc Bauru.

Em entrevista ao JC Cultura, Marika lamenta que as cidades do Interior deixem adolescentes penalizados irem para as unidades da Febem na Capital. Ela deixa transparecer sutilmente que a transferência ou recusa de se encarar coletivamente o problema da violência pode e já está se voltando contra quem não quer tomar para si o destino de questões sociais relevantes.

JC Cultura - Que avaliação você faz do empenho do País em resolver a questão do menor abandonado. Você percebe isso pela experiência de trabalho do Stagium com adolescentes?
Marika Gidali
- Falta sensibilizar mais as pessoas. Esse assunto tem que ser mais discutido. E que a pessoa se sinta mais responsável.

JC Cultura - Que instrumentos da dança vocês vão aproveitar na Oficina Professor Criativo?
Marika
- Tocando nos cinco sentidos. Como o criativo não é pre-determinado. Vamos criar a aula junto com as pessoas.

JC Cultura - Que resultados você pode apontar com a implementação pelo Stagium, desde 1971, de uma filosofia de ensino-aprendizagem voltada para a sociedade?
Marika
- Implantar a dança no Brasil. É um divisor de águas sem a menor dúvida a criação do Stagium. No social, acabamos nos envolvendo com a sociedade. Como a dança é beleza, é harmonia. Tudo o que homem precisa.

JC Cultura - Ao longo desses 30 anos, o Stagium se notabilizou por sua criatividade de levar apresentações de dança a lugares e ambientes pouco comuns. Que objetivo vocês têm alcançado com essa prática?
Marika
- Uma porta aberta de atuação artística. A dança não pode ser elitizada. Tudo bem que é uma arte elitizada. Mas e os outros?

JC Cultura - Você acredita?
Marika
- Claro! Isso é um fato. Depois de 30 anos, isso já é história. Antes do atual “boom” social, nós já estávamos.

JC Cultura - Você e o coreógrafo Décio Otero, juntamente com a equipe do Ballet, propõem uma reflexão com o novo espetáculo ‘À Margem dos Trilhos’. Que rumo você vê para as questões de violência e seu desdobramento?
Marika
- O sistema existe e temos que fazer o máximo possível. Lá na Febem há vários projetos sendo desenvolvidos com os garotos. De tudo que se possa imaginar. A idéia de descentralizar as unidades da Febem é boa. Existem os programas, mas não sei. É uma forma de dizer que o problema é nosso. Além de estar na Febem, estar isolado, sem visita. Porque os familiares do Interior não têm como vir para São Paulo. A questão do sistema carcerário é difícil resolver. Tudo é muito dúbio.

JC Cultura - O que vai marcar o Stagium com os 30 anos?
Marika
- Essa reflexão. Nunca trabalhei tanto. Além da Febem, temos o trabalho de prevenção para não ter que existir Febem. Por causa dessa sociedade complicada aqui fora. É um problema nosso. Veja o que está acontecendo nos Estados Unidos (referido-se ao atentado terrorista às torres do World Trade Center). É um jogo de videogame. Eu vejo essa criançada brincando com isso. Nada justifica a violência, mas está complicado.

JC Cultura - Defina Marika singular e plural?
Marika
- Singular é a que corre para todo lado. Plural é o desdobramento disso. Eu não colocaria esse título. Não sei te responder.


Serviço

“À Margem dos Trilhos”, com a Cia. de Ballet Stagium, hoje, 20h30, no ginásio do Sesc. R$ 5,00 e R$ 2,50 (matriculados, estudantes e maiores de 65 anos). Avenida Aureliano Cardia, 6-71. Informações: 235-1750.




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