Bauru e grande região - Sexta-feira, 04 de outubro de 2024
máx. 31° / min. 12°
10/10/01 00:00 -

Argentina & Brasil

Argentina & Brasil

(*) Reinaldo Cafeo
Muitas pessoas têm me perguntado porque a crise na Argentina afeta tanto o mercado brasileiro.

Antes de tentar explicar essa questão, vale a pena relembrar o que está efetivamente ocorrendo naquele país:

1- Câmbio paritário. Desde 1991, a Argentina optou por um câmbio fixo (há o câmbio flexível, determinado pelo mercado). Desta forma, um peso vale um dólar. Se a Argentina não tiver dólares reservados, fica limitada para emitir pesos, portanto, a economia não deslancha. Enquanto havia recursos das privatizações e um fluxo de positivo de dólares no mundo todo, essa situação era confortável. Agora a coisa complicou;

2- Dificuldade em expandir o comércio exterior. Com o peso sobrevalorizado, os preços argentinos ficam menos competitivos. Além disso, a desvalorização cambial aqui no Brasil inverteu o comércio bilateral, tornando os produtos brasileiros mais baratos;

3- Desgaste com inúmeros planos. Foram nada mais nada menos que quatro planos desde maio de 2000 tentando reverter o quadro recessivo. Todos sem sucesso. Na prática, o governo argentino tenta evitar um ataque especulativo, que forçaria a desvalorização do peso. Com isso busca ajuda financeira na comunidade internacional. Mas devido à recessão, não arrecada e as manobras para conter os gastos se esgotam. Com isso cria-se um ciclo sem fim.

De duas, uma: ou ajuda financeira é substancial, ou então a desvalorização será inevitável. No caso brasileiro, os investidores entendem que se acontecer problema na Argentina acaba acontecendo aqui. Na dúvida preferem proteger seus recursos em dólares. Além disso fazem uma leitura que as empresas brasileiras, exportadoras para Argentina, não receberão seus créditos, portanto, vendem suas ações no mercado.

Sabemos que as economias são distintas, mas ainda tem investidor que pensa que Buenos Aires é capital do Brasil.

Daí um resfriado lá, gera gripe aqui.

A torcida é para uma solução rápida para ficarmos com os reflexos somente da crise dos EUAs. Se fôssemos mais maduros, passaríamos ilesos por esse momento.

(*) Reinaldo Cafeo é economista e presidente da Corecon




publicidade
As Mais Compartilhadas no Face
(SF) © Copyright 2024 Jornal da Cidade - Todos os direitos reservados - Atendimento (14) 3104-3104 - Bauru/SP