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O brinquedo e a brincadeira - coisas sérias!

O brinquedo e a brincadeira - coisas sérias!

Leila Grassi (*)
“É da brincadeira que nasce o hábito, e mesmo em sua forma mais rígida o hábito conserva até o fim alguns resíduos da brincadeira... para cada homem existe uma imagem que faz o mundo inteiro desaparecer; para quantas pessoas essa imagem não surge de uma velha caixa de brinquedos?” (Walter Benjamin: ‘Magia e técnica, arte e política’, pág. 253).

Muito se tem escrito sobre o brincar em reflexões filosóficas, psicanalíticas, psicopedagógicas, para se chegar à conclusão que brincar é preciso. Brincar nas mais diferentes formas: como lazer, como educação, como maneira de se passar ensinamento, enfim como forma de transmitir e conservar culturas.

Na sociedade moderna, com a freqüente falta de espaço e tempo, esse brincar se reduz às escolas de ensino infantil apenas. Não mais se brinca em casa, na rua, nas escolas de ensino fundamental e muito menos nas de ensino médio, e quando nas Universidades os alunos têm que relatar brincadeiras, não se lembram mais como eram... “faz tanto tempo!!!”.

Memória, ritmo, postura, equilíbrio, relações sociais, dicção, coordenação motora, disciplina, tudo isso se manifesta e se aprimora com as brincadeiras. Brincando tomamos contato com o mundo e com outras pessoas, enxergamos o outro ora como amigo, ora como parceiro, ora como inimigo e assim vamos construindo nosso universo de adultos.

A troca de experiência nos faz refletir e crescer. Aprender com os mais velhos nos ajuda nessa caminhada e ninguém melhor para brincar com as crianças do que os avós!

Avós que têm o “tempo” que não sobra para os pais, que têm o saber, que têm a cultura do fazer a brincadeira e o brinquedo e não de o comprar pronto. Avós que sabem das histórias, dos mitos, das lendas, avós que jogam “saquinho” ou “pedrinhas” ou “três Marias”, que fazem “pipa”, “maranhão”, “papagaio”, que montam “casinhas”, “cirquinhos”, “escolas”, que reciclam materiais e os transformam em carrinho de rolemã, bonecas, bichos, e tantas outras coisas que trabalham nossa criatividade, atenção e destreza.

Resgatar brincadeiras e brinquedos dos mais velhos, sejam eles avós ou não e trazê-los ao universo infantil, é tarefa de educadores, agentes de lazer, e pessoas que trabalham com recreação, não só como instrumento de trabalho mas, para com isso, preservar nosso saber e a nossa cultura.

A Sabedoria Eterna, no Livro dos Provérbios, diz que “junto a Ele estava eu como artífice, brincando todo tempo diante Dele, brincando sobre o globo de sua terra, achando as minhas delícias junto aos filhos dos homens.” (Cap. 8, 30/31).

Brincadeira é coisa séria e tão esquecida!

(*) Leila Grassi é professora de Cultura Brasileira, Folclore Brasileiro e História da Arte e colaboradora de Ju Machado-Escritório de Arte.




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