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Ponte entre Boracéia e Itapuí: utopia?

Ponte entre Boracéia e Itapuí: utopia?

Adilson Camargo
Representantes das duas Câmaras estão empenhados em convencer o governo a devolver a ponte as duas cidades

Boracéia - O Governo do Estado anunciou que vai liberar recursos para a construção de uma nova ponte sobre o rio Tietê e que servirá para ligar as cidades de Boracéia e Itapuí; reparando desta forma o prejuízo que a construção da usina hidrelétrica de Bariri causou aos dois municípios. Essa é a notícia que os atuais presidentes das duas Câmaras Municipais Edmundo de Barros Francischini (PTB/Boracéia) e Airton Aparecido Grimaldi (PSDB/Itapuí) querem dar à população antes do fim de seus respectivos mandatos como vereador.

O que pode parecer uma utopia para alguns é encarado como uma possibilidade real, uma obra factível do ponto de vista estratégico, por outros. Durante a audiência pública regional, realizada pelo Governo do Estado, no último 17 de agosto, em Bauru, Francischini entregou ao diretor do Erplan (Escritório Regional de Planejamento) Luiz Roberto Peres um ofício pedindo a inclusão da construção da ponte, entre Boracéia e Itapuí, entre as prioridades do Estado para o exercício de 2002.

No entanto, ao fim da audiência pública, composta por representantes de entidades civis e militares, além de políticos, ficou decidido que as prioridades para o próximo ano seriam outras. Com isso, a realização do sonho de ver novamente a ponte como meio de ligação entre as duas cidades teve, por hora, de ser adiado.

Entre as diferentes e inúmeras propostas apresentadas na audiência pública, ganharam destaque a duplicação da rodovia que liga Bauru a Marília, a construção de um Centro Regional de Detenção Provisória e a instalação de uma unidade da Fatec, em Botucatu.

Depois de ver frustrada a tentativa de incluir a construção da ponte entre as prioridades da região no orçamento do Estado para o ano que vem, Francischini procurou ajuda do deputado estadual Pedro Tobias (PSDB). “Ele nos recebeu com muita atenção e achou a causa justa, mas como ela não entrou na lista de prioridades para 2002...”, disse o vereador, demonstrando certo conformismo com o adiamento da obra.

Há quem duvide da disposição do governo em atender as reivindicações feitas pelos vereadores. Um dos principais argumentos contrário à construção da ponte, talvez o mais forte deles, envolve questões econômicas. “Qual é o interesse do governo em gastar milhões de reais para construir uma ponte entre duas cidades pequenas, que economicamente não representam quase nada para o Estado?”, questionou o vendedor José Roberto de Oliveira, 47 anos, que utiliza a balsa, usada para fazer a travessia de um lado para outro da margem do rio, com certa regularidade. Oliveira não é o único a duvidar da obra, pelo contrário, poucos são os que acreditam nela. Em uma rápida consulta entre os moradores das duas cidades é possível perceber a incredulidade da maioria.

Apesar das dúvidas em torno da viabilidade da obra, Francischini não desanima e ainda apresenta suas justificativas para acreditar no atendimento de sua proposta. “Tenho em mente que um dia o Estado há de ouvir as duas comunidades, porque hoje não temos um meio rápido de comunicação terrestre entre elas. Nós acompanhamos, há pouco tempo, a construção da ponte na rodovia Bauru-Jaú e percebemos que, com a tecnologia que existe hoje, o volume de água que existe entre Boracéia e Itapuí não representa nenhum obstáculo à engenharia.”

No ponto mais estreito

A ponte construída recentemente na rodovia Bauru-Jaú tem cerca de 500 metros e consumiu quase R$ 20 milhões. Entre as margens de Boracéia e de Itapuí, a distância entre um embarcadouro e outro chega a aproximadamente 1,5 km de extensão. Francischini, no entanto, lembra que a ponte não precisaria, necessariamente, ser construída nesse ponto do rio. “Na realidade, essa distância pode ser vencida com a edificação da ponte em um trecho mais estreito do rio e com a construção de aterro, que avançaria as margens”, diminuindo assim o espaço a ser trabalhado dentro da água. “Eu acredito que, desta forma, a ponte não iria superar os 500 metros de extensão. Isso não deixaria a obra tão cara para o governo”, acredita o vereador.

Crítica sutil

A “luta” pela construção da ponte, segundo Francischini, vem de longa data mas, mas os prefeitos não teriam “brigado com tanto afinco” para transformar a obra em realidade. O vereador faz uma crítica sutil ao dizer que os prefeitos não teriam se esforçado o suficiente, principalmente na época em que a ponte antiga sumiu nas águas do Tietê após a construção da usina hidrelétrica de Bariri, para fazer chegar aos ouvidos dos governadores a necessidade de repor a obra. “Apesar do serviço de balsa ser gratuito e ininterrupto, não é a mesma coisa do que você ter uma ponte”, comparou Francischini, que já foi transportado pela balsa durante muitos anos, enquanto morava em Itapuí e trabalhava em Boracéia. Hoje, essa rotina faz parte da vida de muitos moradores, principalmente de Boracéia, que deixam a cidade para trabalhar no outro lado do rio.

Mas o presidente da Câmara de Boracéia não quer permanecer nessa briga contando apenas com cumplicidade de seus colegas itapuienses. “Eu espero que outras cidades da região como Jaú, Bariri, Pederneiras e Bauru também venham se juntar a nós e levantem bandeira em favor da construção da ponte.” Afinal de contas, como fez questão de frisar o vereador, moradores dessas quatro cidades utilizam com freqüência o transporte de balsa entre Boracéia e Itapuí. “Eu tenho dito para as pessoas: talvez a gente, já com uma certa idade, não veja a ponte novamente, mas nossos filhos ou netos hão de vê-la edificada um dia.”




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