Bauru e grande região - Sexta-feira, 04 de outubro de 2024
máx. 31° / min. 12°
16/09/01 00:00 -

Esgoto afasta banhistas de Iacanga

Esgoto afasta banhistas de Iacanga

Adilson Camargo
Sem uma estação de tratamento, o esgoto produzido pela cidade é despejado diretamente no ribeirão onde fica a praia

Iacanga - Enquanto cidades da região, como Itapuí e Arealva, se esforçam, antes da chegada oficial do verão, para deixar as suas respectivas praias em condições de serem usadas pelos visitantes, o prefeito de Iacanga Durvalino Afonso Ribeiro (PFL), 56 anos, deixa claro que não irá gastar um centavo com a praia da cidade. Antes de fazer qualquer tipo de investimento no local, Durvalino prefere resolver definitivamente um velho problema da cidade: o esgoto. Iacanga não conta com o serviço de tratamento de esgoto. Ele é despejado direto da rede coletora para as águas do ribeirão Claro, onde está a praia.

Embora, em um primeiro momento possa parecer estranho, o próprio prefeito desaconselha os turistas da região a freqüentar o local. “Eu não incentivo ninguém a ir à praia”, disse Durvalino. Ele sabe que a situação é crítica e que, em razão disso, é melhor “jogar limpo” com os visitantes, do que tentar atraí-los e depois ser criticado pela condição imprópria ao banho, oferecida pela praia.

“A curto prazo não temos condições de fazer nada”, adiantou o prefeito. Ele disse que só irá investir no turismo local quando o problema gerado pela falta de tratamento de esgoto estiver totalmente resolvido.

Solução

Durvalino revela que já teve a oportunidade de terceirizar o tratamento de água e esgoto da cidade, mas não o teria feito por razões políticas. O prefeito não esconde sua insatisfação com a Câmara de Vereadores, que estaria votando sistematicamente contra seus projetos e, com isso, estaria dificultado o andamento de sua administração.

Em seus dois mandatos (Durvalino foi reeleito no ano passado), a maior parte dos vereadores eleitos foram e continuam sendo da oposição. Isso tem sido encarado pelo prefeito como uma barreira à aprovação de seus projetos. Ele conta que quando assumiu a Prefeitura pela primeira vez, em 1997, uma de suas principais preocupações era transferir para a iniciativa privada o tratamento do esgoto e o abastecimento de água. Até agora não conseguiu.

Mesmo assim, o prefeito disse que continuará insistindo na idéia. Ele revelou que em breve deve enviar novo projeto à Câmara, tratando da concessão dos serviços.

“O (tratamento do) esgoto é uma obra cara. A Prefeitura não tem como bancar isso”, justificou Durvalino.

Problema antigo

A poluição do ribeirão Claro não é um fato recente em Iacanga. Trata-se de um problema que vem sendo ignorado há muito tempo, e aos poucos vai piorando.

Durvalino conta que quatro anos atrás, o movimento na praia era grande, mesmo com a água poluída. No entanto, com o passar dos anos a situação foi ficando cada vez mais grave e chegou até os dias atuais. O aspecto da água e o cheiro não são dos mais agradáveis.

De acordo com o vereador Rogério César de Moraes (PFL), 35 anos, e presidente da Comissão do Meio Ambiente, Iacanga tem potencial turístico, assim como as demais cidades que possuem praias artificiais. Entretanto, esse potencial não estaria sendo explorado, em razão das más condições da água.

Apesar das dificuldades que tem encontrado para enfrentar o problema do tratamento de esgoto, o prefeito Durvalino faz planos para o futuro. Ele acredita que um dia a cidade terá condições de oferecer um “turismo sadio”, que atrai pessoas dispostas a gastar no comércio local, e não o “turista flutuante, de fim de semana”, que pouco ou nada traz de benefício à cidade, na opinião do prefeito.

Opções são poucas fora da água

Iacanga - Com a água da praia poluída, restam poucas opções de lazer para quem visita o local. Entre elas estão um campo de futebol e outro de vôlei, ambos sem linhas de delimitação e construídos sob a areia. Existe também um tobogã, cujo destino final são as águas poluídas da praia.

Ao lado, fica o camping. Com capacidade para abrigar cerca de 180 barracas, o local conta com churrasqueiras construídas com tijolos, mesas de cimento, banheiros (em condições não muito boas), e muita sombra. A extensão de areia no camping é pequena. Prevalece o gramado, onde são instaladas as barracas. Ao longo dos 200 metros de margem que a praia possui, no espaço reservado ao camping, estão plantados coqueiros com cerca de 20 metros de altura, em média.

A administração do camping é feita por particulares, que cobram pelo espaço cedido. Cada pessoa que resolve passar uma noite no camping tem de desembolsar R$ 3,00. Para passar apenas o dia, a taxa cobrada é de R$ 2,00.

Além disso, a administração oferece ainda, aos visitantes, oportunidade para um passeio de caiaque e de pedalim. Em qualquer um dos dois é cobrada uma taxa de R$ 3,00 a hora.

O camping, segundo João Rodrigues de Freitas, 38 anos, fica aberto todos os dias. Ele assumiu a direção do local há quatro meses e se diz preocupado com a manutenção da limpeza, como forma de atrair turistas. Se depender apenas do poder de atração da praia, é quase certo que terá um retorno financeiro muito reduzido.




publicidade
As Mais Compartilhadas no Face
(SF) © Copyright 2024 Jornal da Cidade - Todos os direitos reservados - Atendimento (14) 3104-3104 - Bauru/SP