A convenção nacional realizada pelo PMDB, anteontem, refletiu as divergências internas em relação à permanência da legenda na base de apoio ao governo FHC. Em Bauru, a ex-presidente do partido, Darci Gasparini, comentou, ontem, que a vitória “dos peemedebistas ligados ao governo era esperada”. Já o ex-prefeito Tidei de Lima viu o resultado da convenção como a confirmação de equilíbrio dentro do partido que tenta se reorganizar com o deputado federal Michel Temer.
Uma tese comum aos grupos que apoiaram o deputado Michel Temer e o senador Maguito Vilela foi a aprovação da realização de uma prévia para definir o candidato do partido à Presidência da República. Ainda assim, os peemedebistas discordam da data em que foi marcada a prévia. Para Tidei, a definição da prévia para 20 de janeiro do próximo ano dará tempo para que os prováveis candidatos a presidente pelo PMDB discutam seus nomes com a legenda em todos os cantos do País. Para Darci Gasparini, o prazo é muito longo. Gasparini, que defendia o grupo de Vilela na convenção, preferia que a prévia fosse já em outubro deste ano.
Para Darci Gasparini, “quanto mais tempo o PMDB ficar ao lado do governo federal, maior será o desgaste. O resultado da convenção já era esperado, a julgar pelo trabalho forte da ala governista dentro do partido e dos conchavos usados como uma poderosa arma em favor da tese que agradou o comando do Planalto Central. De qualquer forma, temos a realização da prévia como positivo, porque poderemos iniciar um processo de discussão da candidatura do Itamar Franco a presidente”, comentou.
Já Tidei de Lima vê a prévia em janeiro de 2002 como “uma oportunidade necessária para que nomes como o Itamar Franco, o senador Pedro Simon, que já foram governadores, e o Jarbas Vasconcellos percorram o País defendendo suas candidaturas a presidente. O PMDB precisa desse tempo, até porque não tem mais um nome carismático como era o do Ulisses Guimarães. Esses pré-candidatos precisam estar nas mídias regionais, falando com a população”.
O ex-prefeito também destacou a aprovação da candidatura própria por 85% dos peemedebistas. “O PMDB vai deixar o governo, isto ficou claro. O Temer deve fazer uma composição da direção nacional só de pessoas de sua chapa, que contou com 63% dos membros, e a candidatura própria está definida”, disse. Para Tidei, o partido não vai rachar. Para ele, além do tempo necessário para que os candidatos a presidente pelo partido percorram o País, a realização da prévia em janeiro de 2002 dará tempo para que o partido acompanhe a situação econômica nacional.
Tidei avalia que a “eleição está distante. O partido não está fora do risco de dançar o tango, a recessão se acentua, a balança comercial continua deficitária. Por outro lado, a definição da eleição está distante. Ou alguém garante que, exceto o PT, que vai com o Lula, os demais partidos já têm seus nomes? O PFL tenta a Roseane Sarney, o PPS não sabe se poderá continuar contando com o PTB para apoiar o Ciro Gomes, o governo não tem candidato. Está muito indefinido e é natural que o PMDB não se precipite nesta escolha”, concluiu.
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