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Orientação profissional é fundamental

Orientação profissional é fundamental

Fabiana Teófilo
Musculação é preciso ser feita corretamente, caso contrário pode causar problemas sérios.

Os exercícios resistidos podem ser considerados muito seguros, mesmo para pessoas idosas e debilitadas. O treinamento bem orientado ocorre com exercícios isotônicos, evitando-se a apnéia, e com as cargas adequadas à força do praticante, permitindo várias repetições antes da fadiga muscular.

Não apenas as cargas e, conseqüentemente, as repetições são adequadas à condição física da pessoa, mas também a amplitude dos movimentos é relativamente lenta e cadenciada, sem acelerações ou desacelerações violentas. O corpo permanece em posições anatômicas e confortáveis durante os exercícios, sem a possibilidade de desequilíbrios, quedas e torções.

Como em toda forma de atividade física, a pressão arterial se eleva também nos exercícios resistidos, mas dentro dos limites seguros, mesmo com cargas elevadas, desde que não se realizem contrações isométricas em apnéia. Devido ao caráter interrompido do treinamento, a freqüência cardíaca eleva-se em níveis discretos. O resultado é um duplo produto de baixo risco cardíaco. Deve ser lembrado que o aumento de pressão arterial melhora a oferta de oxigênio para o miocárdio, enquanto que a elevação da freqüência cardíaca aumenta o consumo.

De acordo com o professor de educação física, Márcio Dos Reis Rezende, a musculação pode auxiliar no desenvolvimento físico de uma criança. Para um adulto, a musculação aumenta a massa magra, fazendo o indivíduo perder gordura, sem necessariamente deixar os músculos ressaltados, além de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao idoso, que passa a caminhar melhor e desenvolver as atividades diárias sem dificuldades.

Rezende explicou que as pessoas carregam a idéia de que caminhar na esteira ou pedalar na bicicleta é um exercício completo que está queimando gordura e fortalecendo o corpo. Isso, de acordo com ele, não é real. A musculação é que vai proporcionar uma força maior aos músculos. “O melhor exercício que tem para auxiliar na calcificação óssea, por exemplo, é a musculação”, disse.

O professor explicou que a musculação é indicada para todas as idades, desde que sempre haja um acompanhamento de um profissional que deve orientar o praticante para que realize os exercícios de maneira correta, para um melhor aproveitamento. “O idoso, por exemplo, trabalha de 70% a 80% da capacidade dele”, disse. Ele lembrou que uma avaliação física é essencial antes de iniciar um programa de treinamento. “Musculação é preciso fazer corretamente, caso contrário pode causar problemas sérios. Os efeitos negativvos ocorrem a médio/longo prazo”, afirmou. Rezende disse que são três principais fatores que podem causar lesão numa pessoa que pratica a musculação: o treinamento mal orientado, o excesso de carga e velocidade e o equipamento mal elaborado.


Bioenergética


Bioenergética refere-se às fontes de energia para a atividade muscular. A fonte de energia para a ação muscular é a molécula de adenosina trifosfato (ATP). No início de qualquer exercício os músculos utilizam um pequeno estoque de ATP armazenado. A partir de então dá-se início ao processo de ressíntese de novas moléculas de ATP para o prosseguimento das contrações musculares. As vias para ressíntese do ATP são a da creatina-fosfato (CP), via da glícólise (com produção de lactato) e via da fosfonlação oxidativa. A via da CP, como o próprio nome diz depende da creatina, é muito potente mas suficiente para poucos segundos. A via da glicólise depende exclusivamente do glicogênio, é quase tão potente quanto a via da CP, porém produz lactato que diminui o pH celular e bloqueia a glicólise, impedindo que esforço se prolongue por mais de três ou quatro minutos.

A via da fosforilação oxidativa pode utilizar glicogênio, proteínas e gorduras, é pouco potente, mas capaz de manter um exercício de intensidade leve a moderada durante algumas horas. O substrato que determina a duração do esforço é o glicogênio, ou seja, sua concentração muscular antes do inicio do exercício. Acredita-se que o glicogênio nunca se esgote, mesmo em exercícios que se prolonguem até a exaustão. Isso porque, em exercícios prolongados são mobilizados os ácidos graxas e também os aminoácidos para que o glicogênio seja poupado. Mesmo assim um pouco de glicogênio sempre é utilizado no processo de oxidação dos ácidos graxas.

A utilização dos ácidos graxos é proporcional à sua concentração plasmática, já que ao entrar nos músculos eles inibem o metabolismo da glicose (ciclo da glicose-ácidos/graxas) e passam a ser o substrato predominantemente metabolizado a partir de 40 ou 50 minutos de duração do esforço.

Alguns aminoácidos são também oxidados nos músculos, mas provavelmente a maior contribuição seja da alanina glutamina para a síntese de glicose no processo de gliconeogênese. A glicose liberada pelo fígado na circulação é importante para o cérebro, demais órgãos e músculos esqueléticos que a captam e utilizam ativamente. É importante lembrar que durante o jejum e exercício. o corpo permanece em estado catabólico, isto é, utiliza os substratos. No período de recuperação após um exercício, o metabolismo se mantém aumentado em comparação ao repouso e continua usando preferencialmente os ácidos graxas como substrato.

A partir do momento da ingestão de um alimento rico em carboidratos, o corpo inicia um processo de anabolismo, o ciclo da glicose-ácidos graxas se inverte, a glicose passa a ser metabolizada e usada para a ressíntese do glicogênio e os ácidos graxos são esterificados no tecido adiposo. O catabolismo protéico também cessa e dá lugar ao anabolismo, já que a insulina passará a comandar o metabolismo em lugar do cortisol.

Portanto, o anabolismo, síntese de glicogênio, de proteínas e de gorduras ocorre durante o repouso, fase muitas vezes negligenciada durante um programa de treinamento. O repouso é imprescindível para que ocorra a supercompensação, isto é, uma síntese acima dos estoques anteriores para suportar cargas cada vez maiores de esforço.

Em esportes de longa duração estoques aumentados de glicogênio são muito importantes e alguns atletas seguem estratégias específicas para a supercompensação desse substrato. Um procedimento utilizado consiste numa programação dietética de uma semana. No primeiro dia é depletado quase todo o glicogênio com um exercício intenso: nos três dias seguintes o treinamento prossegue normalmente mas a dieta é pobre em carboidratos; nos três últimos dias antes da competição a dieta é reforçada em carboidratos (pouco mais que 60%). Desse modo os estoques de glicogênio se tomam maiores do que seriam com uma dieta normal. A explicação para isso parece estar no aumento da atividade da enzima glicogênio sintetase, após um pequeno período de baixa atividade devido ao baixo fornecimento de carboidratos.




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