Bauru e grande região - Sexta-feira, 04 de outubro de 2024
máx. 31° / min. 12°
08/09/01 00:00 -

Na praça desde os 18 anos

Na praça desde os 18 anos

Marcelo Ferrazoli
Ao pensar em um taxista, qual a primeira imagem que lhe viria à cabeça ? Engana-se quem pensa que a atividade é exercida apenas por homens e mulheres já de idade avançada

Prova disso é o bauruense Marco Athaíde, 37 anos, 19 deles dedicados à profissão. Na praça desde os 18 anos, o taxista ressalta que o início foi difícil. “Assim como em todas as demais ocupações, começar sempre é complicado. Não pela idade, mas pela falta de prática e experiência”, considera ele.

Os motivos que o levaram a assumir o volante de um Fusca 1973, carro com qual estreou na profissão, foram estritamente familiares. “Estava desempregado e, como queria ajudar minha família, virei taxista. Era a opção que tinha na época”, conta Marco.

Depois do Volks 1973, muitos outros vieram e aumentaram a relação de veículos utilizados pelo taxista para a árdua batalha do dia-a-dia. A “galeria” é extensa e variada: um Fiat 147 1978, um Fusca 1977, um Corcel II 1978, um Passat 0 km 1986, um Fusca 1979, um Gol 1983, uma Parati 1984, um Monza 1984, um Voyage 0 km 1993, um Gol 0 km 1996, um Omega 1994 e o atual Santana 1995.

A explicação para as frequentes trocas de carros é simples: a alta quilometragem. “Nossos automóveis rodam muito. Ao atingir certo tempo de uso, mudamos para outro veículo a fim de evitar que tenhamos de dispender muito dinheiro com problemas relativos à manutenção”, diz Marco.

A preocupação se justifica. Ele cita como exemplo o fato de, quando era proprietário do Omega, ter rodado cerca de 45 mil quilômetros em apenas nove meses, registrando uma média de 5 mil km/mês. “Quando tinha o Gol 1996, rodei 120 mil quilômetros em três anos. Já com o Santana 1995, em um período de apenas um ano e meio, já estou na casa dos 80 mil”, afirma ele.

Apuros

O taxista atende atualmente no ponto localizado na quadra 5 da rua Virgílio Malta, onde estaciona seu Volkswagen à espera dos chamados telefônicos de clientes.

Rodando pelas ruas transportando passageiros para os mais variados destinos, já passou por grandes apuros. O maior deles - e por isso mesmo inesquecível - aconteceu em 1986, ainda quando utilizava um Monza.

Depois de pegar um homem na Avenida Pedro de Toledo, Marco teve uma desagradável - e aterradora - surpresa enquanto se dirigia ao local solicitado pelo seu então passageiro. “Ao chegar perto do lugar que o passageiro queria, no bairro Ipiranga, este sacou uma arma e anunciou o assalto, levando todo o dinheiro que tinha na hora”, relembra ele. “É um fato inesperado para o qual não estamos preparados e, geralmente, nunca acreditamos que possa acontecer conosco”, considera o taxista.

Mudança

Mostrando certa desolação com a situação do país, Marco revela que, se houvesse uma maneira de voltar no tempo, mudaria de profissão. “A vida de taxista não é fácil. Se fosse para voltar atrás, não a escolheria novamente. Não pela concorrência, mas pela crise brasileira e a insegurança gerada pela mesma”, finaliza Marco.




publicidade
As Mais Compartilhadas no Face
(SF) © Copyright 2024 Jornal da Cidade - Todos os direitos reservados - Atendimento (14) 3104-3104 - Bauru/SP