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01/09/01 00:00 -

Lembrando a história

Lembrando a história

(*) N. Serra
É bom que se acorde bem o pensamento e se busquem lembrar ou relembrar as lições do passado que possam servir de exemplos para o presente e o futuro do País, neste perigoso estágio de sua vida, quando até se insinua a renúncia do Presidente. Acode-nos, por isso, no momento, evocar o que nos sobrou de importante da Guerra do Paraguai, cujo epílogo está completando agora 132 anos, pois foi em 1869 que ocorreu o alvissareiro acontecimento, tendo como derradeiro arranco o combate de Cerro Corá. Parece muito tempo, mas não o é para que se possam esquecer totalmente, em princípio, os mais significativos lances daqueles seis anos da triste década de cruentas batalhas que os brasileiros, inseridos na Tríplice Aliança, foram levados a enfrentar em defesa da liberdade nacional. Na verdade, não dá para se olvidar, pois os constantes atritos gerados, naquela era, pela gestação das campanhas abolicionista e republicana, servem, na medida, de incisivos exemplos no concerto da República de hoje, quando se vêem Executivo e Legislativo se desafiando na pista de caminhos e decisões que gerenciam, certo ou erradamente, a vida da nacionalidade. Medidas provisórias, composições de comissões de apuração de inquéritos, desvios de verbas de responsabilidade de ministros, secretários e parlamentares e mais tantas prevaricações, aí estão, agora, relembrando escandalosamente a conturbada vivência governamental que sucedeu ao término da guerra com o país vizinho. Seria imperioso, repetimos, voltar-se o pensamento para o cenário anárquico que os políticos palacianos de antanho criaram para a Nação quando ainda crepitavam as derradeiras chamas da penosa conflagração? É bem provável que sim, uma vez que se admite ser difícil concretizar-se o ideal do entendimento dos poderes enquanto não forem vistos, revistos e aproveitadas as lições da história de ontem, eis que não será através de debates irrefletidos e egoísmo sem fim que se há-de chegar aos resultados exigidos. E terão de ser resultados inteligentes, fidedignos e patrióticos para que possa o Brasil acorrer aos seus problemas mais fundamentais, que desafiam seus homens de governo desde o raiar da terra-pátria, e que, por sinal, são identicamente àqueles que induziram seu vizinho a tentar assumi-la por via de violência. Não se pode esquecer, também, de que a inflação econômica, corrupção administrativa e efervescências sociais aí estão condenando a nacionalidade muito mais para o declínio, em franco desenvolvimento, que para o crescimento do qual tanto falou o Presidente em recente pronunciamento na Conferência do Chile, tentando certamente estimular as esperanças dos patrícios. Falou o que precisava falar aos seus opositores, mas perdeu a oportunidade de bradar, também, o histórico “quem for brasileiro me acompanhe”, com o qual repetiria Caxias, Barroso e outros. É a nossa opinião.

(*) O autor, N. Serra, é o Jornalista Responsável do JC e Delegado Regional da Associação Paulista de Imprensa e da Ordem dos Velhos Jornalistas do Estado.




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