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Arafat modera situação, diz professor

Arafat modera situação, diz professor

Gilmar Dias
A figura do líder político Yasser Arafat modera o confronto e a tensão entre palestinos e judeus. A avaliação é do professor titular de História Contemporânea da Universidade do Líbano, Emile Yossef Maacaroun. Na última sexta-feira, ele proferiu uma palestra na Universidade do Sagrado Coração (USC), oportunidade em que abordou o tema “O Líbano Contemporâneo: conflitos e perspectivas”. Para Maacaroun, o Arafat de hoje não representa mais o terrorismo do qual foi acusado no passado, exercido através da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

O professor, no entanto, destaca que não se pode negar que lideranças palestinas e, até mesmo, israelenses seguiram “caminhos” e tomaram “atitudes” que foram consideradas terroristas, embora hoje muitos deles ocupem cargos de chefia de governo, como o próprio Ariel Sharon, primeiro-ministro do Estado de Israel. “Se não existisse Yasser Arafat, a situação entre judeus e palestinos estaria muito pior”, avaliou o docente.

Ele defende a criação do Estado da Palestina estruturado num processo de paz, mas não acha que a Organização das Nações Unidas (ONU) errou ao criar, em 1948, o Estado de Israel. “Eu não sou racista. Todo mundo tem direito a ter um país. O problema é que Israel tem determinadas atitudes que colocam em risco seus próprios direitos. O sionismo fanático é um perigo para o próprio Estado de Israel. É preciso que Israel faça uma auto-crítica e respeito o direito dos outros.”

Maacaroun lembrou que um ex-ministro do Líbano foi vítima do fanatismo do sionismo por ter insistido numa negociação com os palestinos, na qual seria discutido a cessão de uma área territorial. Na sua avaliação, o Líbano é um país formado por um povo pacífico e “cosmopolita”. O docente explica que o passado de confrontos registrado no Líbano tem causas estrangeiras.

“Vários países têm interesse de se aproveitar de fatores favoráveis ao Líbano, que muitas vezes paga a conta dos outros. Assim que as guerras terminam, os libaneses se reúnem de novo como se fossem uma só família. O que desejamos é que os países que fazem intervenções no Líbano nos deixem em paz.” Para o professor, em todas as situações de guerra, seu país não se isolou do mundo.

Maacaroun analisa que os palestinos cometerem muitos erros, principalmente ao se “meterem” muito nos territórios libaneses. “Os palestinos tentaram, por muitos anos seguidos, recuperar a Palestina atuando de dentro do Líbano. Mas eles faziam isso porque estavam sendo manipulados por outros interesses.” Na avaliação dele, o Estado de Israel tem um comportamento muito violento, apoiado por armas avançadas, para se defender dos ataques palestinos.

“Nós, libaneses, queremos paz e queremos viver em paz com os outros povos. Existem alguns partidos no Líbano que estão em cooperação com a Síria. E a Síria é um país bastante radical. Esses partidos simpatizantes da Síria preferem agir à maneira da Síria. E o Líbano acaba pagando um preço de uma situação da qual ele não é responsável.” Ele acha que Israel alimenta um comportamento violento contra os palestinos e, até mesmo, contra os libaneses. “Israel, por exemplo, conduziu a operação ‘Vinhas da Ira’, bombardeando o sul do Líbano e atingindo mulheres e crianças.”

A situação de confronto entre palestinos e judeus não é considerada por Maacaroun como uma guerra. O professor da Universidade do Líbano acredita que uma operação militar contra Israel comandada pelo mundo árabe só seria possível com a participação do Egito. “Sem o Egito, não haverá uma guerra entre Israel e os países arábes”, afirma. O país do norte da África tem um poderio militar respeitável, talvez o mais avançado entre os países da região, à exceção do Iraque, comandado por Saddam Hussein.

Sobre o líder iraquiano, o docente comentou que ele é uma ameaça para seu próprio povo. “Conseqüentemente, essa ameaça pode atingir outros países. Saddam foi levado pelos norte-americanos a fazer a Guerra do Golfo. Até que os americanos não ficassem prejudicados, a tensão entre o Kwait e o Iraque seria uma história do países do mundo árabe. Quando os norte-americanos se sentiram ameaçados pelo embargo do petróleo, eles começaram a fazer as coisas de modo que não se prejudicassem futuramente.”




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